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Árvores e trânsito que não dão descanso no Monte

Nesta 'Volta à Ilha' fique a conhecer as preocupações e os anseios dos moradores na freguesia do Monte

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A freguesia fervilha de movimento por estes dias. Voltam os turistas e também os residentes, sobretudo para as festividades de Nossa Senhora do Monte. Mas há coisas que precisam de solução… urgente!

O abate de árvores no Largo da Fonte e a anarquia no trânsito no concorrido caminho entre o Largo das Babosas e o local onde os Carreiros do Monte iniciam a tradicional descida dos ‘carros de cesto’, concentram grande parte das preocupações de quem vive na freguesia mais alta do Funchal.

Enquanto no agora interdito Largo da Fonte é o corte das árvores que domina as atenções entre residentes e visitantes locais, ali bem perto, são os turistas contribuem para a azáfama diária instalada entre os ‘carros de cesto’, os jardins do Monte Palace e os teleféricos. Aqui o trânsito é quase sempre caótico. “É a zona da freguesia que tem mais movimento, mas aquilo é uma vergonha, é terceiro mundo”, considera Vieira, um septuagenário com residência no sítio do Pico. Em causa o facto da estreita rua que é de dois sentidos, registar muito movimento de pessoas, mas estar “sempre cheia de carros parados/estacionados”.

O mesmo constrangimento verifica-se na estrada regional junto ao Largo da Fonte. Apesar da sinalização a indicar parque de estacionamento (gratuito) nas proximidades, o ‘mau hábito’ de estacionar na faixa de rodagem tornou-se um hábito adquirido que leva muitos turistas a arriscar tal prática.

“O problema é que estacionam a partir do Largo da Fonte e o trânsito complica-se aí porque a estrada é de dois sentidos. Julgo que ao chegar ao Largo da Fonte devia estar [melhor] sinalizado que há um parque de estacionamento. Dá-me a impressão que a sinalética que está lá na parede leva os condutores a pensar que é a partir dali que podem estacionar. Aquilo devia estar mais alto e bem explícito. Às vezes estacionam até à curva. Ainda vai-se dar ali um acidente grave para então eles resolverem isso, quando este é um problema que já se arrasta há muitos anos”, garante.

Sugere, como alternativa ao trânsito no Largo da Fonte, o Caminho dos Saltos a partir do cruzamento Tílias /Corujeira.

Ao longe a ver a morosa operação com maquinaria pesada envolvida no abate de árvores no Largo da Fonte estava João Fernandes. Residente na Corujeira de Fora, fazia pausa na habitual caminhada diária para apreciar o evoluir dos acontecimentos.

“Quando foi aquela árvore em 2017 era já cortar tudo. Não era preciso virem ‘gajos’ de Espanha para cortar só uns galhitos e irem embora. Só vieram gozar da gente”, diz, revoltado.

O trágico acontecimento de há 4 anos e o novo incidente ocorrido no início do mês é o motivo da indignação. “Era tudo cortado e porem árvores novas”, sugere.

Aponta os exemplos de Machico e do Loreto (Arco da Calheta): “Cortaram as árvores e agora estão bonitas. Não podem fazer igual? Por mim era cortar tudo e deixar isto descampado”, reforça.

Para este residente local, as árvores no Largo da Fonte é a única situação a resolver na freguesia. “De resto, por mim está tudo bem”.

Já Leonel Rodrigues critica o investimento no Centro Interpretativo do Comboio do Monte, que nasceu da recuperação da antiga estação de comboio no Largo da Fonte.

“Fizeram um investimento acolá para estar às moscas”, considera o carreiro nº12. “Aquilo também não tem nada de jeito. Era melhor investir noutras coisas”, atira.

Entusiasmado com a retoma da actividade dos Carreiros, admite que “está correndo bem”, tanto que “já dá para fazer 4 ou 5 fretes por dia”. Assinala a forte presença de turistas nacionais: “90% são continentais”, estima.

Quanto à intervenção nas árvores na ‘Sintra madeirense’, é da opinião que só as árvores mais velhas é que devem ser abatidas “antes que aconteça mais alguma desgraça”, concretiza.

Há quatro anos, no dia de Nossa Senhora do Monte, José António Gouveia esteve sentado momentos antes do carvalho ter caído e matado 13 pessoas.

“Quase ficava também. Estava ali sentado numa cadeira”, recordou o ancião residente em Santo António.

Lembra que em 2017 depois de ter estado sentado “não durou muito tempo” para a árvore de grande porte cair. “Ouvi uma estralada…” recorda, ao concluir que “para morrer é um instante”.

Concorda que a operação de abate em curso. “Fica mais bonito e mais seguro”, concluiu.