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Livro sobre economia do mar une especialistas do Brasil e de Portugal

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Foto Shutterstock

O livro "Economia do mar: uma estratégia de desenvolvimento sustentável Brasil-Portugal", da coautoria de 36 especialistas brasileiros e portugueses, apresenta um paradigma económico descrito como inovador, colaborante e amigo do ambiente.

Nesta obra, a economia relacionada com o mar apresenta-se como o futuro do ponto de vista económico, social e ecológico, sendo que países como o Brasil e Portugal têm, segundo este livro, fatores de diferenciação naturais.

"O Brasil tem aproximadamente nove mil quilómetros de costa, a área oceânica sob jurisdição brasileira, ultimamente conhecida como 'Amazónia Azul'", abrange 4,4 milhões de quilómetros quadrados, aproximadamente metade da área continental do país", referiu o Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro, António Florêncio de Queiroz Júnior, na introdução do livro.

Para o coautor português António Gonçalves, ex-comandante do navio-escola "Sagres" (2015-17), "Portugal é um dos países que nos primórdios deveu ao mar a sua existência e de permeio ficou a dever-lhe a expansão e a independência".

De acordo com António Gonçalves, não é por acaso que "os oito países lusófonos são todos costeiros, e cinco deles são ilhas ou têm uma forte componente arquipelágica".

Em entrevista à Lusa, o comandante, afirmou que "a aproximação da humanidade ao mar tem sido um processo gradual", mas que hoje observam-se "as economias, principalmente dos países costeiros, muito mais dependentes do mar".

Algo também defendido por Renato Dias Regazzi, coorganizador, com Dulce Ângela Procópio, deste manual, que tem a chancela da Editora Senac Rio, lançado no mês passado.

"Já estamos a estudar este tema há muito tempo aqui no Brasil e sentimos a necessidade de fazer uma publicação com recurso a conteúdos nacionais e internacionais", referiu à Lusa. "A referência que nos pareceu melhor foi a portuguesa. Não só pela língua, mas pelo avanço de Portugal nesta temática, pelas características do país ligadas à economia do mar e ao vínculo que tem com o Brasil", acrescentou.

Dividida em cinco partes, esta obra, de 262 páginas, começa por abordar as definições e os temas relacionados com a economia azul, "também conhecida por economia do mar sustentável", como indicou Regazzi.

A literacia do oceano e a sua relação com a economia, com a segurança e saneamento básico, juntamente com a questão do empreendedorismo azul e de todo um novo mundo de negócios associados ao mar, não são esquecidos.

Na segunda parte são apresentados casos no Rio de Janeiro e no Brasil, de como se pode olhar para a nova dinâmica da economia do mar. Apresentam-se, assim, setores ligados ao mar, que vão desde a pesca, à biotecnologia, ao turismo, à energia, à gastronomia do mar.

A terceira parte é totalmente dedicada a Portugal. Na obra transatlântica, a dinamização da economia azul em Portugal é apresentada como uma referência internacional. Recuando à Expo98 e apresentando, também, a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas(2022) em Lisboa, este capítulo fala da importância do mar para a influência internacional de Portugal e relembra a importância da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), algo que, apesar de já ter 25 anos, ainda não está concluído. São analisadas, nesta terceira parte, várias oportunidades, apresentados estudos e projetos em Portugal.

Como escreve Álvaro Sardinha, consultor especialista em Economia Azul e Desenvolvimento Sustentável, "neste século, o oceano vai ser a força económica que ofertará vastas oportunidades de emprego, inovação e investimento".

A quarta parte é dedicada à relação e sinergias entre os dois países irmãos. Por último, na quinta parte, são apresentadas as contribuições de cada um destes países para a dinamização da economia azul.