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Ler livros impressos na Era Digital

O encanto e a magia da leitura começa no sofá, na cama, no areal, numa rede, de modo relaxado pronto para devorar e saborear as palavras, onde os minutos e as horas passam num ápice

Num mundo cada vez mais digital, a leitura em suporte papel continua a assumir grande destaque na nossa sociedade.

As leituras efetuadas em papel continuam a ocupar um lugar único por mais que os ecrãs estejam presentes no nosso quotidiano. Os neurocientistas têm vindo a comprovar a panóplia de vantagens aquando da leitura em livros impressos quando comparada à leitura em suporte digital.

O ato de tocar e sentir o livro, abri-lo, folheá-lo, sentir a textura das suas páginas, observar as suas ilustrações, sentir o cheiro das suas folhas são ações e experiências únicas para o leitor adulto e infantil. O livro impresso exerce magia sobre o leitor, pois há a tendência de querer levar o seu autor preferido junto a si, nas malas, nas mochilas e até mesmo debaixo do braço para qualquer lugar.

Apesar do avanço tecnológico e das tecnologias estarem presentes nas mais diversas situações da nossa vida pessoal e profissional, os livros impressos são insubstituíveis.

Além do caráter económico e da versatilidade dos livros em papel, neles também é possível dobrar as páginas, sublinhar excertos, fazer anotações, pintar, recortar, colar.

O encanto e a magia da leitura começa no sofá, na cama, no areal, numa rede, de modo relaxado pronto para devorar e saborear as palavras, onde os minutos e as horas passam num ápice.

A leitura em suporte papel oferece exímias experiências visuais, pois ao tocarmos num livro impresso sentimos prazer com as mãos e com os olhos. A capa, a contracapa, a espessura do papel e cada palavra lida faz da leitura um momento intenso e apetecível.

Para além disso, ler um livro impresso facilita o sono, pois é sempre uma boa companhia antes de dormir. Contrariamente à leitura digital que interfere grandemente na qualidade do sono. Os leitores digitais, por norma, dormem mais tarde e obviamente que toda a qualidade do sono fica fortemente prejudicada.

A leitura de livros impressos tem a vantagem de provocar menos cansaço visual, contrastando com a leitura digital em que a luminosidade da tela provoca mais cansaço ocular, o que limita o seu tempo de utilização.

A investigação tem vindo a comprovar que os leitores que lêem em suporte papel conseguem se concentrar mais no que está escrito e recordam o que leram com maior facilidade. Embora se viva num mundo repleto de tantas distrações e de interatividade, onde os equipamentos oferecem diversas notificações e aberturas de novas janelas, os livros impressos captam mais a atenção e o leitor foca mais a sua capacidade de concentração.

Estudos realizados sobre esta temática provam que ler em papel é vista como a melhor opção para compreender um texto, nomeadamente quando os textos são informativos. Mesmo quando nos deparamos com temáticas mais complexas e que são mais difíceis de compreensão, a leitura em suporte papel facilita uma maior e melhor assimilação da informação escrita. Uma meta-análise realizada em Espanha demonstrou que a transição do papel para o digital não será imparcial na aprendizagem, podendo originar atrasos no desenvolvimento das crianças, mais concretamente na compreensão da leitura e no pensamento crítico.

Como sabemos a memória funciona como um músculo e quanto mais for treinada, melhor desenvolver-se-á e a leitura, em suporte papel, contribui grandemente para exercitá-la. Por exemplo se pretendemos promover hábitos de leitura, estes devem ser recomendados e enfatizados em papel tanto nas escolas, como no seio familiar.

Concretamente as crianças mais novas que praticam leitura digital com frequência tendem a aprender menos vocábulos, uma vez que estão numa altura de mudança, isto é, estão a alterar o seu aprender a ler, para ler para aprender. O mesmo não acontece com os jovens e com os adultos, em que a leitura digital de e-books e o desenvolvimento das capacidades de compreensão textual assumem efeitos positivos.

Um estudo realizado nos Estados Unidos no Pew Research Center, demonstrou que os livros impressos continuam a ser o formato mais popular, 65% das pessoas referiu que leu um livro impresso e apenas 30% leu um e-book. Curiosamente cerca de 68% dos mais jovens entrevistados prefere a leitura em papel. Apesar de estarmos a vivenciar a transição gradual da leitura em papel para a leitura em dispositivos digitais (como por exemplo computadores, tablets, telemóveis,…), ainda prevalece o interesse e o hábito de ler livros em suporte papel.

Sabendo dos benefícios que a tecnologia nos trouxe no acesso à comunicação e à informação, mesmo assim ainda não substituiu o verdadeiro prazer de abrir um livro impresso para efetuar uma boa leitura. Ler um livro tem outro impacto e outro sabor!

Na verdade, os livros impressos continuam a ocupar um lugar único, por muito que os ecrãs perpetuem nas nossas vidas. O importante é escolher o suporte mais adequado para cada momento, ponderando a possibilidade de ler livros digitais de modo complementar com os impressos. O mais importante é LER!