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Boa Noite

Saneamentos básicos

Foi pior a emenda do que o soneto. Essa é a ilação a tirar das abordagens à exoneração

Boa noite!

As exonerações no executivo madeirense geraram muitas reacções. Mas há sobretudo três que merecem análise por contribuírem à sua medida para saneamentos básicos.

A de Miguel Albuquerque. Lavou as mãos  num processo que tem a sua marca, quando apenas tinha que assumir o que havia dito sobre “comportamentos inaceitáveis” na noite das directas do PSD-M. Que queira co-responsabilizar cada secretário regional por escolher com quem quer “trabalhar nos cargos de extrema confiança política” é uma coisa. Desresponsabilizar-se por completo de opções governativas, mesmo em final de mandato, é outra. Ninguém acredita que nada tenha a ver com aquilo que decorre de um legítimo entendimento sobre as lealdades e que o adjunto – que hoje mais parecia Ministro!- tenha sido despachado só porque Rafaela Fernandes assim quis.

A de Manuel António. Veio a terreiro mais de 10 horas depois de António Trindade ser despachado, para condenar os tiques ditatoriais no partido que não lhe deu vitória, por sinal, de génese idêntica aos que nunca mereceram reparo no tempo do jardinismo. Agiu em consonância com o que havia dito na noite em que pediu para ninguém ser perseguido, só por ter sido seu apoiante, mas deu o flanco ao revelar indisponibilidade para participar em listas de deputados ou outras, ou pior, quando acentuou divergências insanáveis dada a “existência de projectos diferentes para o partido e para sociedade” e quando reiterou que vai lutar "por projectos alternativos, para o partido e para a sociedade”. Só faltou dizer em quem não vai votar, descurando que se pôs a jeito para ser um dos culpados por eventual derrota eleitoral dos social-democratas. No PSD há quem diga que mais valia estar calado outros 10 anos.

A de Marta Freitas. O PS-M na ânsia de surfar ondas que o impedem de ver o mar, tentou tirar proveito de haver briga na vizinhança política, esquecendo-se que em matéria de saneamentos não tem água com que se lave. Que o digam André Escórcio, Carlos Pereira, Liliana Rodrigues, entre outros, que à vez foram afastados, emprestados ou dispensados, sem sequer direito a despacho oficial. Não havia por isso necessidade da secretária-geral do PS-M meter-se em apertos a 52 dias das eleições regionais, a menos que esteja a ensaiar desde já outros voos.