Os refugiados da democracia

Vamos em breve comemorar os 50 anos do regime democrático e o balanço é francamente pouco animador. Num país que em meio século de liberdade, não conseguiu reduzir as assimetrias das populações, onde o desnível social é cada vez mais latente, o fosso entre ricos e pobres cada vez maior, leva a que a maioria dos portugueses já não acredite neste modelo de regime. Mas afinal quem serão os verdadeiros culpados da situação a que o país chegou? Um país com um clima fantástico, com uma terra arável e própria para desenvolver uma agricultura de base com condições orográficas formidáveis e um povo habituado a trabalhar para conquistar o pão diariamente, o que falta a este país maravilhoso? Após 41 anos de regime totalitário, designado de ditadura onde as circunstâncias conduziram a que quem se opusesse ao regime estaria sujeito a perder a pouca liberdade até então existente. Volvidos 50 anos de conquistas dessa liberdade (plena), quais os verdadeiros resultados? Construiu-se um país com uma enorme taxa de emigração, fruto da falta de oportunidades dos muitos quadros médios e superiores do qual o regime se orgulha, mas que em nada beneficiaram o verdadeiro desenvolvimento do país, pois foi-lhes vedada a oportunidade e a valorização das suas capacidades. Temos 4 milhões de cidadãos que sobrevivem no limiar da pobreza e mais de 10 mil sem abrigo. Milhares de consultas, centenas de cirurgias e muitos portugueses a morrerem por falta de médicos ou de atendimento em hospitais. Preocupa mais aos governos até aqui as mudanças de sexo, o aborto, a ideologia de género, e o doutrinamento de crianças nas escolas convertendo as casas de banho em mistas , do que preservar a formação de cidadãos. Sai o aluno do ensino básico e secundário sem saber rigorosamente nada sobre o que é a Constituição da República nem preencher uma declaração de IRS, mas tem cultura (woke) e ideologia de género, será isso básico para a formação e o futuro dos nossos jovens? O tráfego humano que converteu a imigração em escravos do século XXI, tem sido a outra vertente que põe em causa a valorização dos nossos jovens no que a dignificação do trabalho diz respeito. Nunca os que criaram o problema poderão ser parte da sua solução, é este o legado de meio século de Socialismo e seus cúmplices! Afinal os que querem um país digno podem aceitar que quem pactuou com tudo isto venha agora se apresentar com a solução para os problemas e a destruição que eles próprios criaram. Talvez muitos estejam arrependidos dos erros cometidos, mas falta-lhes a moral para apoiar quem pretende uma nova forma de fazer política e uma nova maneira de estar em democracia, daí que podemos aceitar a sua regeneração, mas dificilmente poderão ser o rosto desta geração que quer devolver a democracia ao povo. Quem tiver a coragem de abraçar um projecto renovador que venha aportar algo de aglutinador a penitência a cumprir será a de trabalhar na sombra dalgum remorso e da contrição dos erros cometidos, pois esta luta por um Portugal com justiça trava-se com as bandeiras da honestidade, seriedade, humildade, integridade e justiça. Por que um país não se constrói por decretos ou à custa de milhões e de subsídio-dependentes. Quero ajudar a reconstruir Portugal e devolver a dignidade à política e mostrar que a política não é só para oportunistas vigaristas e corruptos, os cidadãos sérios e honestos merecem uma oportunidade e aqueles que até aqui duvidaram dessa possibilidade, chega a derradeira oportunidade de restaurar a democracia, restituir a liberdade e resgatar os autênticos valores da sociedade num derradeiro combate contra o maior flagelo e a pior pandemia que enfrenta a nação; a corrupção. Porque os nossos adversários nunca serão nossos inimigos, apenas vêm a democracia duma forma diferente, mas em nada nos oporemos e tudo faremos para que sejam também beneficiários das nossas propostas para construirmos uma nação onde todos possamos conviver livremente.

A. J. Ferreira