Artigos

ARDITI: Tecnologias, Saúde e Mar

No âmbito do Protocolo “Sentinela Atlântica”, o Governo Regional desafiou a ARDITI a adquirir, operar e a desenvolver tecnologias robóticas

Passaram cerca de dois anos desde que o novo Conselho de Administração da ARDITI tomou posse. Embora a maior parte dos membros tenham sido reconduzidos de mandatos anteriores, logo tenha sido possível dar continuidade a algumas das políticas idealizadas, muito há, ainda, por fazer para profissionalizar a Ciência, Tecnologia e Inovação na Madeira. A modernização da ARDITI focou-se sobretudo em três aspetos: i) reforma administrativa; ii) digitalização; iii) definição das linhas estratégicas.

Reformas Administrativas. Começamos por alterar os Estatutos reconfigurando o organograma da Agência com a criação de um Conselho Científico, uma Comissão de Acompanhamento Científico e Empresarial, um Gabinete Jurídico e um Gabinete de Comunicação. Os tempos atuais exigiram, também, a nomeação de um Encarregado para a Proteção de Dados bem como a criação de um Gabinete de Gestão de Conflito de Interesses. Foi, igualmente, necessário criar regulamentos de organização e funcionamento para ficar claro para todos, como se estruturam e regem os órgãos e as unidades funcionais da instituição. Toda a informação e documentação está agora disponível na página oficial da Agência: https://www.arditi.pt. Com vista à internacionalização, a ARDITI dispõe de uma versão da página em inglês.

Digitalização. Para apoiar a investigação científica aderimos ao serviço B-ON (Biblioteca do Conhecimento Online) da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), para que os nossos investigadores possam consultar informação científica bem como publicar artigos sem custos nas principais revistas e editoras internacionais. Aderimos, também, pela primeira vez, aos serviços da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS), uma infraestrutura digital que permite o acesso a vários serviços disponíveis nas principais Universidades e Institutos nacionais, tais como a “eduroam” (WiFi grátis em qualquer parte do mundo académico), “Colibri” (videoconferência sem limites), computação científica, entre outros. A RCTS assegura, ainda, a conectividade entre entidades de ensino e investigação à Internet global a alta velocidade (1-10 Gbps). Estamos, finalmente, em pé de igualdade com as Universidades e Instituições de I&D nacionais.

Foi, recentemente, implementado um sistema digital de gestão documental (SIGEST) de forma a agilizar a gestão de projetos e a simplificar os procedimentos administrativos da contratação pública, diminuindo custos e tempos de espera. O sistema disponibiliza, também, aos coordenadores de Projeto toda a informação e trâmites de cada fase do processo. À administração, o SIGEST providencia uma visão integrada dos processos e projetos em curso.

Linhas estratégicas. Criamos com vários parceiros (UMa, ACIF, StartUP-Madeira), uma plataforma de interface a que designamos de “S.I.H – Smart Islands Hub”. O principal objetivo é proporcionar um ambiente favorável para promover a aproximação da academia às empresas regionais. Complementarmente ao “pensamento livre” da academia clássica (Universidades), a ARDITI propõe-se a dinamizar áreas do conhecimento (complementares à UMa), de grande relevância para a Região: Tecnologias, Saúde e Mar.

No âmbito das Tecnologias, o projeto mais emblemático é o desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (drones), de pequeno porte e de baixo custo, para fins civis e militares. Enquadrado no projeto “Sentinela Atlântica”, a iniciativa conta com a participação do Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA). Outros projetos tecnológicos incluem o desenvolvimento de programas (software), para ajudar na digitalização dos processos de gestão das empresas, entre outros.

Na área da saúde, de entre os diversos projetos desenvolvidos na ARDITI com impacto na Região destaca-se o referente ao desenvolvimento de tecnologias interativas para a reabilitação de comorbilidades resultantes de AVCs, demência e/ou falta de mobilidade. Mesas de jogos interativos, e sistemas de realidade virtual (VR) instalado em tablets, projetados no chão, em paredes, e/ou visualizados através em óculos de VR, desenvolvidos pelo “NeuroReHabLab”, têm sido usados com sucesso em lares, casas do povo e centros de saúde regionais e nacionais. Existem, também, projetos que usam sistemas de Inteligência Artificial (AI) para promover a reabilitação cognitiva e que estão a ser testados pelo Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), entre outros.

O Mar é um novo desígnio Mundial. Internacionalmente com a proclamação pelas Nações Unidas (ONU) da década dos oceanos (2021-30), e com a criação da Missão Europeia “Restaurar os Oceanos 2030”; nacionalmente, com a publicação da (nova) Estratégia Nacional para o Mar (2021-30); regionalmente, com a criação (pela primeira vez na História) de uma Secretaria Regional do Mar.

Ainda no âmbito do Protocolo “Sentinela Atlântica”, o Governo Regional desafiou a ARDITI a adquirir, operar e a desenvolver tecnologias robóticas com capacidade para monitorizar o nosso vasto entorno marítimo. Para além da aquisição de vários “drones marinhos”, está em curso o desenvolvimento de protocolos de operação pioneiros, bem como a construção de tecnologias de baixo custo por investigadores do MARE-Madeira.

A atual infraestrutura limita o crescimento e a intensificação das atividades de I&D na Madeira. Um projeto de arquitetura, pronto a executar, prevê a construção de um Laboratório de Prototipagem no Madeira Tecnopolo para servir não só a comunidade científica como também a alguns cursos da Universidade da Madeira e a empresas. Tal como foi anunciado, um edifício com duas torres, no Campus da Penteada, com cerca de oito andares, será construído entre 2025-26, para albergar os recursos humanos da ARDITI, da StartUP-Madeira, e quiçá, da AREAM, cuja atividade também assume um cariz técnico-científico relevante na Região. A reabilitação do Edifício do Madeira Tecnopolo permitirá continuar a usufruir das salas construídas originalmente para a organização de conferências e workshops (piso -1), e o piso -2, atualmente ocupado por investigadores da ARDITI, poderá alojar laboratórios com valências necessárias à comunidade científica, estudantes universitários e (novos) empreendedores, atuando como um moderno “Polo Tecnológico da Madeira”.

Assumindo o Estatuto de Utilidade Pública atribuído pelo Governo Regional em Agosto de 2022, a visão para o futuro da ARDITI é de uma instituição aberta à sociedade, de cariz interdisciplinar, virada para o desenvolvimento de Investigação e de soluções Inovadoras para as áreas de grande importância e com impacto na Região, atualmente: Tecnologias, Saúde e Mar.