Vergonha na cara ou cara sem vergonha

É impressionante a ligeireza com que algumas pessoas mudam de opinião em relação a factos, situações, estados, indivíduos, etc.,etc.,etc. ...

Pior do que fazer afirmações em público, visando granjear amabilidades, simpatias, atenção ou o que quer que seja, é persistir na convicção de que “o que se diz não se escreve” ou “palavras leva-os o vento”, esquecendo que alguém, algures no espaço ou no tempo, mais próximo ou mais remoto, embora a título particular/pessoal, poderá abrir os seus baús de memória arquivada e relembrá-las.

É lastimável que a hipocrisia prevaleça em detrimento da simplicidade, da transparência, da verdade, da seriedade e se traduza numa profunda incoerência de palavras versus atitudes.

Recuso-me a deixar de acreditar na honestidade das pessoas mas, confesso, fui enganada. Afinal, as pessoas não mudam. Vão-se revelando consoante as circunstâncias...Para ganhar visibilidade e, quem sabe, até ocupar um lugar de “destaque” numa sociedade cada vez mais alheada de valores essenciais, vale tudo, ou quase tudo. Atropela-se uns, fere-se outros, pisa-se a dignidade, espezinha-se amizades sem qualquer reparo.

Apregoa-se, sem pudor, talentos e qualidades que não se possui na ânsia de se fazer notar a qualquer preço. Presunção e água benta são gratuitas e cada um toma a que quer, não é? Alcançar um status efémero que, por sinal, vem com um prazo de validade bastante reduzido, é o principal objectivo.

Causa-me alguma apreensão e até alguma inquietação constatar que, pessoas que considero intelectualmente evoluídas e com formação académica superior, se prestem a este tipo de actuação. Provavelmente, do seu código de conduta, aboliram o capítulo referente à Ética. Expor-se ao ridículo e ao vexame público trará, com certeza, dividendos que eu desconheço, mas que se deve traduzir em contrapartida irrecusável.

Foi o testemunho na primeira pessoa, de factos/situações que me foram confidenciadas e que constatei, posteriormente, terem sido radicalmente desvirtuadas, por parte de quem mas transmitiu, que levou à redacção desta carta.

Perante a leitura deste texto, a pessoa em causa identificar-se-á imediatamente, não duvido, se lhe restar algum resquício de consciência, porque vergonha ou nunca teve ou, se a teve, perdeu-a.

Não se iluda.
Algumas atitudes separam mais que a distância.
E nós, aqui tão perto...

Madalena Castro