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Opositor russo diz estar preso num "campo de concentração"

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O opositor russo Alexei Navalny denunciou hoje estar detido no que considera ser um "campo de concentração", através de uma mensagem que escreveu na sua conta da rede social Instagram.

"É preciso reconhecer que o sistema prisional russo conseguiu surpreender-me. Pensava que já não se pudesse construir um campo de concentração a 100 quilómetros de Moscovo", escreveu Navalny, que está a cumprir uma pena de prisão de dois anos e meio no complexo penitenciário número 2, na periferia da cidade de Pokrov.

A mensagem de Navalny, opositor ao regime do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e ativista contra a corrupção na oligarquia russa, vem acompanhada por uma fotografia, não datada, em que mostra a sua cabeça rapada.

"Há três coisas que continuam a surpreender-me: o céu estrelado em cima de nós, o imperativo categórico [lei moral em que todas as máximas são universais e incondicionais] no interior de cada um de nós e a incrível sensação de passar a mão pela cabeça acabada de rapar", disse o opositor, de 44 anos.

Na mensagem no Instagram, Navalny salientou que tudo o que faz é filmado por câmaras.

"Todos [os detidos] estão sob vigilância e a menor violação dá origem a uma denúncia", acrescentou.

Os advogados de Navalny tentaram durante dias localizar a prisão onde está detido desde sua transferência no final de fevereiro, após a sua condenação.

Cercado por um muro com arame farpado no topo, a prisão em que se encontra foi descrita como particularmente dura por ex-presidiários. 

O opositor Konstantin Kotov, que ali esteve detido por mais de um ano, descreveu um ambiente no qual os detidos praticamente não têm tempo livre e estão completamente isolados do exterior.

Navalny voltou à Rússia em meados de janeiro após vários meses de convalescença na Alemanha, onde recuperou de um envenenamento pelo qual acusa o Kremlin e os serviços secretos russos (FSB). 

Navalny foi preso à chegada, a 17 de janeiro, ainda no aeroporto, e posteriormente condenado.

Por todo o país, várias têm sido as manifestações para exigir a libertação de Navalny, num contexto mais amplo de descontentamento com a queda dos padrões de vida. 

Os protestos contra a política de Putin já levaram à detenção de mais de 10.000 pessoas, a grande maioria delas condenada a curtas penas de prisão.

A repressão foi denunciada por países europeus e pelos Estados Unidos, mas também por muitas organizações não governamentais e por parte da imprensa russa.