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Silvestre Pestana recebe hoje prémio nacional nas artes visuais

Artista madeirense pioneiro foi escolhido para nos Prémios AICA/ MC/ Millennium BCP 2019

Silvestre Pestana nunca realizou uma individual na Madeira, apesar de ser um dos mais reconhecidos na sua área
Silvestre Pestana nunca realizou uma individual na Madeira, apesar de ser um dos mais reconhecidos na sua área, Foto Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

Silvestre Pestana foi um dos dois escolhidos para receber os Prémios AICA/ MC/ Millennium BCP 2019 atribuídos ainda ao arquitecto Bartolomeu Costa Cabral. A cerimónia de entrega realiza-se hoje às 18 horas na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, do director-geral da Direcção-Geral das Artes, Américo Rodrigues, e do o presidente da Fundação Millennium BCP, António Monteiro.

A decisão de atribuir o prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte/ Ministério da Cultura/ Millennium BCP ao artista visual madeirense foi tomada em Janeiro deste ano e foi por unanimidade do  júri, presidido por Ana Tostões e composto por Sandra Vieira Jürgens, Nuno Faria, Rui Mendes e Pedro Baía, noticia a Arte Capital.

O prémio destina-se a reconhecer publicamente uma personalidade da arquitectura e outra das artes visuais, cujo percurso profissional seja considerado relevante pela crítica e cujo trabalho tenha estado particularmente em foco, no ano a que o prémio diz respeito. Homenageado este ano também na 10.ª Bienal Internacional de Gravura Douro 2020, o prémio coloca Silvestre Pestana, nascido no Funchal em 1949, na mesma lista onde já estão a madeirense  Lourdes Castro, que recebeu o prémio em 2010, bem como António Dacosta, Júlio Resende, Alberto Carneiro, Malangatana, João Cutileiro, Júlio Pomar, Paula Rego, Pedro Cabrita Reis e Julião Sarmento, entre vários outros. Na arquitectura, de referir que o Prémio AICA/ MC/ Millennium BCP foi entregue também ao madeirense Paulo David. A edição referente a 2019 distingue este ano na arquitectura Bartolomeu Costa Cabral, nascido em Lisboa em 1929.

Na altura da decisão, o júri justificou a entrega do prémio das Artes Visuais a Silvestre Pestana pelo seu longo trajecto artístico, que atravessa várias disciplinas, nomeadamente a poesia experimental, a multimédia e a performance, lê-se. “Emergindo desde meados dos anos 60 como um dos mais radicais e idiossincráticos percursos no panorama artístico português, o seu trabalho teve reconhecimento institucional nos últimos anos, com a realização da sua exposição retrospectiva no Museu de Serralves em 2016”, destacou. “Com uma obra que mantém uma energia e uma intensidade irredutivelmente experimental, e que se renova constantemente, Silvestre Pestana tem exercido uma discreta influência sobre novas gerações, também pela sua actividade pedagógica, visível nas exposições realizadas em espaços independentes por curadores mais jovens,  de que são exemplo as exposições individuais apresentadas no Espaço Mira (2014) e em ‘Uma Certa Falta de Coerência’ (2018).”

Já sobre a escolha de Bartolomeu Costa Cabral, o júri sublinhou a obra “fortemente marcada por uma atitude ética e por uma postura contracorrente baseada no trabalho sobre uma materialidade simultaneamente disciplinar e poética”.

Além do reconhecimento público, os Prémios AICA/ MC /Millennium BCP 2019 têm um valor de 10.000 para cada um dos premiados, um valor oferecido pela Secretaria de Estado da Cultura, a que se juntou em 2012 a Fundação Millennium BCP.

Silvestre Pestana desenvolve a carreira no continente, depois de ter estado também no estrangeiro. Formou-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde concluiu a licenciatura em Artes Gráficas e Design. Continuou depois os estudos na De Montford University, em Leicester, na Inglaterra, em Ensino de Arte e Design e estudou também Televisão e Música Electrónica na Universidade de Estocolmo. Sobre ele, escreveu a Fundação Serralves: “é uma das figuras mais radicais da arte contemporânea portuguesa. Poeta, artista plástico e performer, criou desde os finais dos anos 1960 uma obra singular através de uma grande diversidade de disciplinas”. No seu percurso nas artes, destaca o seu “uso pioneiro do desenho, da colagem, da fotografia, da escultura, da instalação, do vídeo e da performance para um confronto entre sociedade, arte e tecnologia.”

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