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Madeira

“Quem me traiu na semana passada, não me pode satisfazer em termos de confiança esta semana”

A frase é de Miguel de Sousa, que comentava a exoneração de António Trindade, no ‘Debate da Semana’

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A ‘bomba’ rebentou no final da passada quarta-feira, quando foi anunciada a exoneração de António Trindade, um dos apoiantes de Manuel António Correia, do cargo que ocupava como adjunto da secretária regional de Agricultura e Ambiente.

Para António Trindade a decisão de Rafaela Fernandes foi “saneamento político por pensar diferente”. Já a governante defendeu-se ao afirmar que não é “obrigada a trabalhar com uma pessoa que se esqueceu da relação de confiança”.

O assunto mereceu a atenção dos comentadores do ‘Debate da Semana’ da TSF-Madeira, que esta semana contou com o painel de moderadores Miguel de Sousa, Ricardo Vieira e (outro) António Trindade. O primeiro defende que é preciso haver confiança numa equipa de um Governo; o segundo lembra que essa questão da confiança não se colocou outrora; e António Trindade fala na dilaceração dos partidos políticos.

O episódio desta semana do ‘Debate da Semana’ pode ser ouvido na íntegra em podcasts.dnoticias.pt.

A palavra “confiança” foi o foco da intervenção do social-democrata Miguel de Sousa. “Quem me traiu na semana passada, não me pode satisfazer em termos de confiança esta semana”, afirmou, para acrescentar que: “Haverá desconforto se houver quem me tenha oposto a trabalhar para mim, eu não vou ter confiança que essa pessoa vai fazer as coisas como eu acho.”

Miguel de Sousa<br>

Já Ricardo Vieira quase que levanta a questão: Qual confiança? Lembrou que Rafaela Fernandes foi uma das principais apoiantes de Manuel António Correia na primeira volta e que ninguém falou em confiança quando foi nomeada para o cargo que agora ocupa. “A questão da confiança parece que não impediu a Sra. Secretária de assumir as funções que quis assumir e para as quais foi convidada. Agora olha para os seus antigos parceiros na lista de Manuel António e acha que já não tem confiança neles. O que é que mudou?”, questiona.

Ricardo Vieira<br>

António Trindade faz uma análise mais lata à questão e lamenta que os dois maiores partidos da Região não encontrem ambientes de entendimento, apontado o dedo também ao próprio Partido Socialista. “Num momento em que os partidos perdem manifestamente representatividade e em que os partidos do poder foram perdedores nestas últimas eleições, […] em vez dos dois grandes partidos regionais encontrarem ambientes de percepção e de entendimento, não, vai-se dilacerar ainda mais e estrutura dos partidos”, condena

António Trindade<br>

Pegando nesta ideia de dilaceração dos partidos políticos, Ricardo Vieira acredita, até, que o grande resultado nas próximas Eleições Regionais de 26 de Maio poderá ser o ditar da necessidade de renovação dos partidos.

As Eleições Regionais, se calhar, o que vão propiciar, pela via dos resultados eleitorais, é a necessidade de os partidos se renovarem. Pode haver aqui um certo castigo a um comportamento dos partidos, que cristalizam nas pessoas e têm uma certa aversão à discussão e à tolerância interna, que pode levar a que o eleitorado castigue os partidos por causa disso. Ricardo Vieira