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Madeira

José Manuel Rodrigues alerta que a Democracia corre perigos, sendo um deles a comunicação

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O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, participou esta tarde no debate “Conversas de Abril”, que se realizou no Salão Nobre da Câmara Municipal de Santana, onde foi abordado a temática “A Liberdade de Imprensa”.  

As “Conversas de Abril” tiveram como convidados Maximiano Martins, que abordou o tema “As Repercussões Económicas do 25 de Abril na Organização Empresarial”, o Comendador António Gonçalves, que falou do “25 de Abril na 1ª Pessoa”, e João Machado Oliveira que testemunhou a “Guerra Colonial versus 25 de Abril- Memórias de um Combatente”.

José Manuel Rodrigues alertou que “A democracia corre muitos perigos, sendo um deles a comunicação, a liberdade de imprensa. Qualquer Democracia, por mais imperfeita que seja, é sempre melhor do que qualquer ditadura, ou arriscando ainda mais, a pior das Democracias é melhor do que a mais branda das ditaduras, se é que estas existem.”

José Manuel Rodrigues lembrou que “A Democracia não é um direito conquistado e adquirido. O regime democrático em Portugal e nas suas Regiões Autónomas, não sejamos ingénuos, padece de algumas maleitas que atingem outras Democracias, como o desprestígio das instituições, a ausência de confiança dos cidadãos nos seus políticos, a falta de transparência no exercício de cargos públicos, o distanciamento entre eleitos e eleitores e o desinteresse da uma boa parte das pessoas pela Política e pelas eleições.”

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu que tem procurado combater esta realidade, abrindo o Parlamento ao povo e “dinamizando iniciativas para aproximar os eleitos dos eleitores, transformando a Assembleia num polo cultural e dando a conhecer a Assembleia Legislativa como o baluarte dos nossos Direitos democráticos e autonómicos.”

José Manuel Rodrigues acautelou ao público presente para que não tivessem dúvidas de que “precisamos de mais ética e transparência nas nossas Democracias. O clima de suspeição que varre as nossas sociedades, alimentado por violações do segredo de justiça e acertos de contas entre política e justiça, corrói a confiança da sociedade nos seus dirigentes e põe em causa a Democracia.”

“A subordinação dos poderes económico e financeiro ao poder político tem de ser acentuada e reforçada, obviamente sem pôr em causa a desejável colaboração em prol do crescimento e do desenvolvimento das comunidades”, declarou.

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira lembrou também que “é necessário reforçar os freios e contra freios das nossas Democracias, e, neste âmbito, importa recuperar o papel essencial da comunicação social de referência, cujo poder e intervenção foram gravemente reduzidos, com o aparecimento das redes sociais, para uma informação verdadeira e imparcial, que ajude a formar cidadãos esclarecidos.”

“A regulação da informação ou desinformação que circula na Internet e nas redes sociais tem de ser efetuada, sob pena de, em nome das liberdades individuais, estarmos a matar a Liberdade e a Democracia”, declarou.

O Capitão João Machado de Oliveira, falou da experiência como militar e como combatente em Angola. Abordou as dificuldades de combate e também as diferentes realidades sociais tanto em Angola, como em Portugal, mais precisamente, em Lisboa, após o 25 de abril.

António Gonçalves seguiu na coluna Salgueiro Maia, partiu de Santarém, rumo a Lisboa. Recordou as memórias do 25 de abril e abordou a reconstituição feita este ano, no dia em que se assinalou os 50 anos deste marco histórico.

Foi condecorado como comendador e foi o primeiro militar da coluna Salgueiro Maia, a ser condecorado em vida. O comendador fazia parte do esquadrão de reconhecimento. A preparação do cerco a Lisboa, começou a ser feita meses antes da Revolução.

António Gonçalves afirmou que o desejo que a guerra acabasse, motivou a marcha sobre Lisboa. Quando chegou ao Terreiro do Paço, as conversações entre as forças a favor da revolução e as forças defensoras do governo, geraram grandes momentos de tensão.

A vitória disse “ter tido muito haver com o apoio do povo.”

Já Maximiano Martins, economista e professor universitário, abordou as proporções do 25 de abril nas organizações e nas empresas portuguesas. No 25 de abril era estudante no Instituto de Ciências Económicas.

Maximiano Martins afirmou que o 25 de abril “foi uma revolução contra a guerra, mas também revelou o apodrecimento de um regime e de um governo.”

“Portugal de 1974, é um país marcado por muita pobreza”, disse Maximiano Martins. Democratizar, descolonizar e desenvolver eram os três D`s, onde o desenvolvimento foi o menos conseguido dos três.

A esperança média de vida aumentou, a taxa de mortalidade diminuiu, o que reflete melhores condições de vida e de saúde, nestes últimos 50 anos.

Maximiano Martins, falou igualmente da realidade de 1974 em que “metade das casas não tinha água corrente, um terço não tinha eletricidade e dois terços não tinham casa de banho. As pessoas com estudos superiores eram poucas, era um país muito agrícola. Hoje todos os setores, se desenvolveram.”  

Maximiano Martins finalizou lembrando que “Não há democracias perfeitas, mas espera que haja algum otimismo, porque Portugal evoluiu muito nos últimos 50 anos.”