Voto sensato

Estas eleições de 26 de Maio na Madeira são as mais decisivas depois do 25 de Abril. O Presidente da República resolveu dissolver o Parlamento e convocá-las depois da abertura de um processo judicial contra o Presidente do Governo e líder do PSD. Isto é, o único argumento para irmos a votos são as suspeitas que recaem sobre Miguel Albuquerque, uma vez que havia uma maioria parlamentar capaz de sustentar um novo Governo e, mesmo que não houvesse, tomam posse nos Açores e no Continente, Governos de maioria relativa.

O PSD está assim fragilizado na sua liderança e na sua candidatura, pese embora Albuquerque ter ganho umas directas a Manuel António por uma margem inferior a 5 por cento, o que diz tudo sobre o estado anímico dos militantes sociais-democratas. Se atentarmos que apenas votaram um terço dos filiados, apesar da correria das duas candidaturas ao pagamento de quotas, temos uma ideia sobre como se encontra o PSD Madeira.

No PS, as coisas estão como sempre: divisionismos, facadas aqui e acolá, ajustes de contas. Isto é um partido sem uma liderança forte e sem equipa que se veja, não constituindo qualquer alternativa. Paulo Cafôfo é uma desilusão.

O JPP é aquele parente da família em quem ninguém confia, uma vez que se traem uns aos outros, depois reconciliam-se e a seguir brigam, isto é não é gente de confiança e, apesar de algum trabalho feito, só servem para estar na oposição.

O Chega é uma desilusão, já que os seus quatro deputados não fizeram nada que se visse na Assembleia Regional, não se lhes conhece uma ideia, não têm sequer conhecimentos para ser Oposição quanto mais Governo e vivem às coisas do líder nacional.

Resta o CDS que, tendo estado 5 anos no Governo em conjunto com o PSD, fez um bom trabalho na Secretaria da Economia e na Secretaria das Pescas. Sendo uma vítima colateral desta crise que atingiu o seu parceiro vai ter que refazer-se e mostrar o que vale. A seu favor tem um historial de serviço à Autonomia e o facto de ter sido um factor de estabilidade e de governabilidade para a Madeira. Inexplicavelmente enxotado de uma coligação por um frágil PSD, culpado de todo este imbróglio que nos conduziu a eleições, este partido é uma vítima colateral de tudo que se passou nestes três messes, mas foi o único a revelar responsabilidade e bom senso. É por isso que penso seriamente em votar, pela primeira vez, no CDS. Foi o único que pôs os interesses dos madeirenses acima dos seus interesses partidários.

António Pinto