Votos que não elegem
Nas últimas eleições cerca de 1,2 milhões de votos tiveram como única utilidade reduzir a abstenção pois não elegeram qualquer deputado, o que nos leva a questionar não só a metodologia do método de Hondt desde sempre utilizada para apuramento dos resultados eleitorais como a actual configuração dos círculos eleitorais, que deverão ser objecto de alterações que permitam aproveitar esses votos, ainda que as mesmas impliquem a redução do actual número dos partidos cuja ínfima representatividade popular nada acrescenta à democracia e só serve para dificultar ainda mais a escolha de soluções governativas estáveis e em conformidade com o sentido da votação da esmagadora maioria dos eleitores.
Há países onde o partido vencedor das eleições tem direito a um bónus do número de mandatos obtidos, noutros a representação parlamentar implica obter um mínimo de votos, constituindo opções democráticas que poderão contribuir para uma maior estabilidade política e de governabilidade.
PS e PSD actualmente os nossos maiores partidos democráticos e tendo dois terços dos mandatos na AR devem encetar negociações para entre outros assuntos que necessitam de um amplo consenso político, acabar com este “desperdício” de votos que nada acrescentam e poderiam ser utilizados como mais um factor capaz de promover a estabilidade política e governativa do nosso regime democrático.
A instabilidade governativa que conduz a sucessivos actos eleitorais fora dos prazos em que deveriam ocorrer se as legislaturas fossem integralmente cumpridas, gera cansaço e desinteresse junto dos eleitores em prejuízo da democracia.
Prejuízo esse que é agravado pela insanável contradição dos eleitores que se dizem democráticos mas votam em partidos extremistas, cujos responsáveis políticos estão sempre prontos a denegrir a democracia recorrendo ao populismo mais execrável com as mentiras, contradições e imbecilidades do seu discurso político que é vincadamente antidemocrático.
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