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Amnistia Internacional alerta para violência sexual contra crianças no Irão

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A Amnistia Internacional (AI) alertou hoje para a violência sexual e agressões contra crianças detidas no Irão por parte dos serviços secretos e forças de segurança, no contexto dos protestos e manifestações que recentemente abalaram a República Islâmica.

A organização não-governamental (ONG) denunciou que crianças de apenas 12 anos foram detidas pelo seu envolvimento nas manifestações no país, tendo sido alvo de "espancamentos, chicotadas, choques elétricos, violações e outros tipos de violência sexual".

Os protestos começaram em setembro de 2022, depois da morte da jovem iraniana curda Mahsa Amini após ser detida pela chamada polícia da moralidade por alegadamente usar de forma inadequada o véu islâmico ('hijad').

As autoridades iranianas responderam aos protestos com uma repressão violenta em todo o país.

As crianças detidas na sequência das manifestações sofreram "métodos de tortura usados pelos Guardas Revolucionários, os paramilitares Basij, a Polícia de Segurança Pública e outras forças de segurança e serviços secretos", relatou a Amnistia Internacional.

"Os agentes estatais iranianos separaram crianças das suas famílias e sujeitaram-nas a crueldades inimagináveis. É condenável que as autoridades tenham exercido tal poder de forma criminosa sobre crianças vulneráveis e assustadas, deixando-as com graves ferimentos e traumas psicológicos", afirmou a diretora adjunta da AI para o Médio Oriente e norte de África, Diana Eltahawy.

Segundo a ONG internacional, várias crianças foram raptadas nas ruas, torturadas e abandonadas.

A maioria das crianças detidas nos últimos seis meses foi alegadamente libertada, mas, de acordo com a Amnistia Internacional, estão a aguardar investigações ou julgamento e muitas tiveram de assinar cartas de arrependimento e prometer abster-se de atividades políticas.

A AI divulgou também vários testemunhos de violação e outras formas de violência sexual, espancamentos, choques elétricos, estrangulamentos e tortura psicológica, além das "condições de detenção cruéis e desumanas" sob as quais as crianças foram mantidas.

A diretora adjunta da AI para o Médio Oriente e norte de África apelou à libertação imediata de todas as crianças detidas nos protestos.

Estima-se que mais de 22.000 pessoas tenham sido detidas na sequência das manifestações.

A Amnistia Internacional afirma que milhares de crianças estão entre os detidos.