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Milhares manifestam-se em Lisboa pelos direitos das mulheres

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Quase 60 anos separam Matilde e Otília, mas a reivindicação por mais igualdade não escolhe idade e a elas se juntaram hoje mais alguns milhares na manifestação organizada em Lisboa pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM).

O 08 de março já passou, mas o que representa mantém-se todo o ano, porque existem "Mil razões para lutar", como dizia o lema escolhido para a Manifestação Nacional de Mulheres, iniciativa que o MDM organiza há sete anos, para mostrar a "força e unidade das mulheres na defesa e conquista dos seus direitos".

Mulheres (e homens também) de várias latitudes e geografias seguraram faixas e cartazes, tocaram bombos e gritaram palavras de ordem pela paz e pelo pão, contra o aumento do custo de vida, pela dignidade salarial, pela saúde e pela escola públicas. "Mulher, escuta, o tempo é de luta", ouvia-se ao megafone, entre as praças dos Restauradores e do Município.

A adesão à manifestação surpreendeu a organização, confessou Sandra Benfica.

Em declarações à Lusa, a dirigente do MDM frisou que "o 08 de março não é uma data simbólica, (...), tão pouco é uma data comercial ou comerciável, como muitos querem tentar fazer, é uma data que continua associada a algo muito fundamental (...): a luta das mulheres por condições de vida e de trabalho dignas numa sociedade contemporânea".

Antes da chegada à zona final do desfile, a manifestação foi saudada com palmas do secretário-geral do PCP e da secretária-geral da CGTP.

Aos jornalistas, Paulo Raimundo evidenciou os "problemas próprios" das mulheres -- mais desemprego e precariedade, salários mais baixos, mais prejudicadas pelo aumento do custo de vida e no acesso as serviços públicos.

"Solidário" com as manifestantes, a quem elogiou "a determinação", o secretário-geral do PCP frisou que uma sociedade "completamente livre e democrática" depende de direitos iguais para mulheres e homens.

A adesão à manifestação dá-lhe "confiança para o futuro", no sentido de que as pessoas vão "agarrar nas mãos a resolução dos problemas".

Reconhecendo que "faltam mais mulheres em todas as vertentes da vida", incluindo nos partidos, Paulo Raimundo escolheu o aumento do custo de vida e a discriminação salarial e laboral como as principais ameaças à igualdade.

Uns metros à frente, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, reconheceu que "as mulheres trabalhadoras têm muitas razões para lutar", sublinhando que, "para haver igualdade no trabalho, é preciso que haja um aumento geral dos salários, acabar com a precariedade, garantir os direitos".