O Factor Madeirense

É importante não deixar corruptos escaparem das garras da justiça, e todos os canais de informação deram atenção a tal acontecimento e com razão. Contudo, será assim tão relevante referir onde essa pessoa nasceu?

Em vários dos canais de informação ouvia só isto: “o empresário madeirense”…

Sim, o sujeito nasceu na Madeira e fez vida fora dela, mas é relevante dizer que ele é madeirense? Se ele tivesse nascido em Lisboa, diriam “o empresário lisboeta”? Não!

É preconceito. É ignorância.

Já no caso mediático do julgamento do Sócrates, o juiz também nasceu na Madeira, e até houve reportagem a mostrar a cama onde nasceu, e que ele sempre gostou de comer tudo o que era verdura. Era relevante? Não! Era só para encher chouriço! Se ele tivesse nascido em Lisboa, teriam feito tal reportagem? Não!

É preconceito, é fazer do facto de terem nascido numa ilha um factor relevante para explicar acções e motivações. Somos madeirenses, mas não somos uma aberração de circo que dança para belo prazer dos continentais!

Mas isto só mostra a falta de rigor de quem escreve as reportagens e notícias. Todos copiam as frases uns dos outros, de outro modo não teria ouvido mil e uma vezes as palavras “o empresário madeirense”.

Portanto, o factor madeirense foi e é usado como um identificador depreciativo.

R. N.