CDS está refém do PSD

De repente, mas sem surpresa, o CDS Madeira passou de ator principal para um papel muito secundário dentro do Governo Regional.

Nada que me surpreenda, volto a insistir, tendo em conta a inexperiência e a altivez dos seus mais altos responsáveis, que se preocuparam durante muito tempo em se pavonear e a mostrar que, sem eles, o PSD Madeira não teria governado.

Parece-me, de facto, que os sociais-democratas estiveram durante cerca de um ano reféns dos centristas, nas mãos de Barretos, Santos, Cunhas e Rodrigues Lda.. Tiveram de, provavelmente, ceder para poderem continuar a governar, mas nunca se desarmaram e, melhor ainda, deixaram o tempo resolver questões de ego.

E no segundo ano de governação o CDS Madeira morreu, ou melhor, está ligado às máquinas porque assim quis o parceiro do Governo, após uma série de episódios rocambolescos, que foram precipitados pelos índices de popularidade muito baixos de Rui Barreto e Teófilo Cunha, considerados pela opinião pública os Secretários mais fracos da governação.

Como se já não bastasse, mesmo depois de terem cantado de galo, exigindo que o Chega não fizesse parte da coligação para Funchal, alguém dentro do CDS (o que é grave) tirou uma fotografia ao computador do presidente da Comissão Política do partido e, num ápice, é revelado ao mundo um esquema polémico e arriscado, bem revelador da estirpe das altas patentes centristas, apesar de insistirem numa imagem de meninos que vão à missa.

Assim, com interferência interna, sinónimo de que alguém ficou fora do barco, o CDS ficou refém do PSD. Somente por uma questão de gentileza. Mas, para mim, se houvesse mais coragem, o presidente do Governo tinha retirado a confiança a Barreto & Companhia, avançava para eleições antecipadas e, acredito, venceria com maioria absoluta, até porque o PS Madeira, comprova-se diariamente, é cada vez mais uma nulidade.

Percebo, no entanto, que este não é tempo de revoltas, que é melhor dar bofetadas de luva branca, que é fundamental prudência, por continuamos a viver sob o signo de uma maldita pandemia, que teima em ficar. Como tal, por agora, o CDS vai sobreviver, mas deixou de cantar de galo. Confirmou tudo aquilo que antevia, é o elo mais fraco da coligação.

Emanuel Camacho