O Primeiro Ministro e a Alemanha

O Primeiro Ministro (PM) em entrevista de marketing político ao Público dissertou sobre vários temas e estabeleceu como objetivo para 10 anos da sua governação socialista com a esquerda o País ficar “mais perto da Alemanha” do que em 2016, ainda que sem precisar em quê, talvez na taxa de desemprego que resultará do impacto da eletrificação na indústria automóvel alemã. Ao afirmar que a presente crise, como se já tivesse havido outra que se lhe comparasse, foi o maior atestado de falhanço das “visões neoliberais”, o PM quer fazer-nos crer que tais “visões” são culpadas pelo nosso atraso e não as visões socialistas dos últimos 20 anos de sucessivos governos PS que nos conduziram inclusive à beira da bancarrota. Mas a que Alemanha é que o PM quer equiparar Portugal? À ex-RDA a Alemanha que ainda hoje procura recuperar do atraso de 40 anos de socialismo comunista ou à ex-RFA a Alemanha moderna, desenvolvida e não socialista que chegou onde chegou com políticas e governos de centro direita e alianças com a social democracia, liberais e neo-liberais ao longo de mais de 40 anos e nunca com o socialismo/comunista? Será que na Alemanha o Estado não cumpriu a sua função social na atual crise ainda melhor que o nosso “Estado Social”? Não foram os Serviços de Saúde alemães que ajudaram outros países e também Portugal a combater a pandemia? O PM que se reclama do socialismo democrático, o que pressupõe de imediato que há um socialismo anti-democrático vulgo comunismo, pretende aproximar-nos da Alemanha mas de qual? A que já foi socialista/comunista e ficou 40 anos atrasada ou a moderna e desenvolvida? A função social do Estado será tanto melhor cumprida quanto o desenvolvimento da economia através de empresas viáveis e competitivas de bens transacionáveis, criadoras de empregos sustentáveis e não de subemprego e precariedade. Se o dinheiro da “bazuca” contribuir para isso talvez nos aproximemos da Alemanha que nos interessa.

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