Madeira

Piloto critica demora da República na questão do Aeroporto

André Sales Caldeira sugere investimento no sistema LIDAR e no Porto Santo

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Foto DR

André Sales Caldeira lamenta o aproveitamento político que ao longo dos anos tem sido feito da situação da operacionalidade do Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo, ao invés da busca efectiva por uma solução que permitisse manter o interesse das companhias por voar para a Região. Confrontado com a notícia da decisão do Governo da República de criar um grupo de trabalho para o estudo dos problemas da operação aérea no Arquipélago, o piloto madeirense questiona se os nomes pontados pelo Estado conhecem a fundo a situação. “Estão com vontade e de forma proactiva no sentido de encontrar uma solução técnica, ou vêm fazer política, como já se faz há muito tempo?”

O objectivo declarado é identificar os constrangimentos relacionados com o vento, identificar possíveis soluções técnicas e economicamente viáveis, que envolvam preferencialmente as infra-estruturas e recursos regionais.

Se o objectivo é melhorar a qualidade operacional do aeroporto, deve haver investimento nesse sentido, defende o piloto comercial. Recorda que há muito tempo que alerta para o desinteresse que as companhias aéreas possam vir a ter, devido aos constrangimentos, que obrigam a custos operacionais maiores, nomeadamente com seguros. “A Madeira tem uma hotelaria de qualidade superior e não podemos ficar prejudicados”, frisa.

O piloto lembra o investimento que foi feito no Terminal do Porto do Funchal, que deveria servir para potenciar o turismo de cruzeiros, mas que não funciona se não houver ligações aéreas que o suportem. “Não se consegue com esta limitação”, diz.

Na sua opinião, um sistema LIDAR (Light Detection And Ranging) ou semelhante, seria “bastante útil”. Este equipamento, que estima o piloto deverá rondar os cinco milhões de euros, permite aos controladores aéreos informar os pilotos em detalhe sobre as condições atmosféricas com referência à cabeceira da pista, abaixo dos 1.500 pés de altitude. “Se pensarmos que o Aeroporto da Madeira terá cinco milhões de passageiros em dois ou três anos, se calhar um euro da taxa aeroportuária paga o investimento”, exemplifica. “A Madeira gasta dinheiro a fazer praias artificiais, porque é que não irá gastar no aeroporto?”

O LIDAR vai ao encontro do previso na legislação da ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil), e é compatível com os equipamentos de aviso de turbulência que existem a bordo da maior parte dos aviões. André Sales Caldeira sugere ainda que as companhias que operam em aeroportos com este sistema, como o aeroporto de Hong Kong, devem ser ouvidas, são os casos da Lufthansa, British Airways e a Finair, que voam para a Madeira e que podem opinar sobre a instalação deste equipamento é um dos que acreditam que os limites de vento devem passar para recomendações, numa operação apoiada pelo referido equipamento, desde que mostrasse a sua viabilidade operacional, nem que fosse num período transitório. Este tipo de equipamentos dá com mais precisão aos pilotos a informação das condições atmosféricas. “Os pilotos muitas vezes têm de estar a adivinhar. Os pilotos têm informação que está escrita, mas nem sempre as próprias condições atmosféricas reflectem aquela informação que está escrita e que está muito estudada. Isto seria para trazer informação momentânea e mais segurança.” André Sales Caldeira reconhece que o aeroporto da Madeira vai continuar a ter uma operação de risco, mas o equipamento ajuda a preveni-lo. “Em vez de temos de estar a adivinhar, se o risco for prevenido e for informado é bastante diferente, é mais controlado”.

Sobre a operação através de barcos rápidos não se pronuncia, porque não conhece o meio nem os custos implicados.

Outro investimento na sua opinião fundamental é no Porto Santo, deveria passar por uma “mudança radical” no terminal, e sugere mesmo “a solução israelita: o que não funciona é deitado a baixo e faz-se de novo”. “Tem pista, mas não tem o resto, placas de estacionamento, meios de handling suficientes para dar assistência a tantos aviões e a tantos passageiros”.

André Sales Caldeira lamenta que o Governo da República tenha demorado tanto tempo a levar o assunto a sério. Nesta fase de crise será ainda mais complicado para Madeira procurar soluções, acredita. “Porque não se pensou nisto antes? Porque é que a República sempre criou constrangimentos e desvalorizou? Acabamos por perceber que é uma guerra político-partidária por vezes. E vemos isso até noutras situações que afectam a Madeira.”

No fundo, reconhece, a solução do problema passa sempre pela questão dos custos. Poderia até ser equacionado um outro aeroporto. Mas obrigaria a elevados custos, a começar pela estrutura e a passar pelos acessos rodoviários.

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