DNOTICIAS.PT
Madeira

Quercus denuncia "morte lenta" da Zona de Repouso e Silêncio do Fanal

None

O núcleo regional da Quercus da Madeira está profundamente preocupado com a "morte lenta" a que se assiste na Zona de Repouso e Silêncio do Fanal. A associação pede que seja impedido o acesso do gado a essa zona, uma vez que os animais estão a devorar os rebentos dos tis centenários.

"As vacas não têm consciência deste valioso património, mas quem está à frente do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) deveria tê-la e tem o dever de conservá-lo. Por que razão a Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Ambiente e o IFCN não tomam medidas para proteger este património? Por que razão não é impedido o pastoreio nesta área protegida e frágil?", questiona através de comunicado assinado por Elsa Araújo.

A presidente do núcleo da Madeira da Quercus aponta ainda a visitação excessiva como outro problema. "Do elevado número de visitantes resulta um parqueamento automóvel que excede a capacidade dos dois parques de estacionamento existentes e, ao longo das bermas da estrada, aglomeram-se veículos de aluguer e todo-o-terreno repletos de turistas", indica.

Como consequência, "são dezenas e dezenas de visitantes que pisam o solo desta reserva, percorrendo-a a seu bel-prazer, sem que haja trilhos definidos". "É ver gente empoleirada em tis centenários, para se fotografar, sem que qualquer vigilância os impeça. Em algumas áreas, o pisoteio é de tal ordem que já não se observam herbáceas e o solo nu, compactado e impermeabilizado, não permite a infiltração da água", explica, acrescentando que também pelo excessivo pisoteio, as raízes das árvores encontram-se expostas, vulneráveis ao que se passa à superfície.

"O Fanal não tem sido gerido como Zona de Repouso e Silêncio! Por que razão o IFCN não determina a capacidade de carga para esta e outras áreas protegidas, de modo a zelar pela sua integridade e conservação?", questiona Elsa Araújo.

O governo regional finalmente reconheceu o problema da visitação exagerada e recomendou aos operadores turísticos percursos alternativos. Maneira subtil de “sacudir a água do capote”? Quando vão estes governantes arranjar coragem para controlar o acesso às áreas protegidas, salvaguardando os seus valores naturais? Não conseguem ver que espaços naturais degradados são também um péssimo cartaz turístico e dizem muito da falta de qualidade da governança? Elsa Araújo

Por isso, a Quercus Madeira exige que o IFCN cumpra o seu dever legal de conservar o nosso património natural, através do controlo da visitação e do pastoreio no Fanal.