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País

Com projectos opostos, IL e PCP disponíveis para apoiar maiorias parlamentares

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Os líderes da IL e do PCP defenderam hoje frente a frente dois projetos opostos para o país, num previsível confronto ideológico, e manifestaram disponibilidade para apoiar maiorias parlamentares após as eleições.

No debate entre o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, em representação da CDU (coligação PCP/PEV), na RTP3, no âmbito das eleições legislativas de 10 de março, os líderes dos dois partidos discordaram nas soluções para os problemas em todas as áreas, desde a justiça à saúde.

Foi já na reta final do debate que, questionado sobre se a IL exigirá fazer parte do Governo para uma eventual coligação pós-eleitoral com o PSD ou se apoia sem exigir pastas, Rui Rocha foi perentório: "Estamos preparados para governar, para transformar o país, os cargos não são o mais importante".

À mesma questão, Paulo Raimundo afirmou que a CDU quer "fazer parte e com mais força" de uma eventual maioria de esquerda que se venha a formar na Assembleia da República. "A CDU e os seus deputados lá estarão e com mais força para condicionar os caminhos de futuro, para inverter o muito de errado que se fez nestes dois anos de maioria absoluta", vincou.

Antes, o primeiro tema levado para cima da mesa foi o da justiça, no dia em que os três detidos no caso de suspeitas de corrupção na Madeira foram libertados com termos de identidade e residência, após 21 dias de detenção para interrogatório.

Rui Rocha considerou inaceitável que alguém fique detido durante tanto tempo, independentemente da decisão instrutória, mas disse que quando ouve falar em "mexer na justiça" o que lhe "vem à cabeça é 'intromissão do poder político na justiça'", algo para o qual a IL não está disponível, preferindo concentrar-se no combate à corrupção e na simplificação de processos burocráticos.

Já Paulo Raimundo destacou a necessidade de mais meios e recursos na justiça e valorização das carreiras daqueles profissionais como solução para uma justiça mais célere.

Relativamente às carreiras, Rio Rocha defendeu para a justiça, tal como para todos os funcionários públicos, um modelo de remunerações competitivas, com "uma componente variável indexada a objetivos", que mereceu a discordância do líder do PCP, que voltou a defender um "choque salarial".

"Não há nenhuma relação entre produtividade e os salários, o Rui Rocha deve ter uma opinião diferente, [...] se houvesse, os salários seriam muito mais altos", apontou Paulo Raimundo, lembrando que a CDU propõe um aumento mínimo de 150 euros para cada trabalhador em 2024 e frisando que a medida é exequível se os grandes grupos económicos baixarem os seus lucros.