Madeira

Reitora da Universidade Católica defende mais lideranças femininas

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A reitora da Universidade Católica Portuguesa afirmou, ontem, que “uma sociedade justa, coesa e com futuro é aquela onde homens e mulheres são reconhecidos na dignidade do seu trabalho, contribuindo para o crescimento económico do país”. Isabel Capeloa Gil defendeu que a paridade requer uma mudança “cultural e transformacional” e não mais leis. A reitora foi a oradora convidada da Assembleia Legislativa da Madeira para a palestra que teve como título 'Alguns líderes nascem mulheres – Sobre liderança e crescimento do país'.

A Professora Catedrática chamou a “atenção para a falta de visibilidade das mulheres líderes” e para a diferença que podem fazer afirmação e no desenvolvimento das instituições. “O país precisa de três coisas: capacidade de aspirar, de um rumo ambicioso e de empatia com a realidade da vida das pessoas, e de um sentido de serviço à causa pública. É algo que, em conjunto, as mulheres podem trazer criando uma sociedade mais robusta, mais resiliente, mais apta à mudança e com maior capacidade de aceitar e desenvolver a inovação”, referiu.

“É preciso reinventar-nos enquanto país, valorizando a novidade. Neste contexto a liderança feminina ganha importância”, vincou. A reitora da Universidade Católica considera que a mudança não passa por decretos ou mais leis, mas sim por uma “transformação cultural, de mentalidades e comportamental. Não é uma questão de mérito, porque as mulheres têm competência e mérito. É preciso uma mudança cultural nas instituições para abrirem espaço aquilo que é diferente e é preciso haver uma mudança cultural da parte das próprias mulheres na forma como se posicionam e na disponibilidade que devem demonstrar para o exercício destes cargos”. A Professora Catedrática entende que a função de ser mãe é perfeitamente conciliável com a vida profissional. “Estudos indicam que as mulheres em cargos de liderança tornam as empresas mais inovadoras e resilientes”, atestou. “As mulheres são mais adversas ao risco, mais rigorosas e mais exigentes”.

“É fundamental um líder ter a capacidade de escutar os colaboradores e depois decidir com coragem. As mulheres estão mais próximas desta ideia de modelo transformacional. É a capacidade de gerir desafios distintos e múltiplas tarefas que dá vantagem às mulheres. Nós precisamos destas capacidades para o crescimento do país”, concluiu.

Isabel Capelo Gil mostrou-se, também, preocupada com o aumento da taxa de risco de pobreza em Portugal e com a saída de jovens licenciados do país. “A taxa de emigração de licenciados é de 10,4%. Não estamos a gerar valor para as nossas empresas e para a economia nacional, mas a contribuir para a riqueza das empresas internacionais e de outros países”, alertou.

José Manuel Rodrigues alerta para os baixos salários das mulheres

“Quando, em Portugal, as mulheres ainda ganham menos 20 por cento do que os homens no desempenho do mesmo trabalho; quando as mulheres têm pensões de reforma inferiores em 43 por cento em relação aos homens, há razões para pensar que uma das causas da afirmação das mulheres no topo das organizações está na base da pirâmide social”, alertou o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.

José Manuel Rodrigues apontou “outras razões, como aspetos culturais, educacionais, os preconceitos, os complexos e a ideia feita de que as mulheres reagem mais à emoção e menos à razão, como se não fosse possível compatibilizar estas duas dimensões na liderança”.

A palestra faz parte do ciclo de conferências Parlamento Com Causas, um projeto do Parlamento madeirense criado para provocar o debate público em torno dos grandes temas e causas sociais, com incidência nas áreas da saúde, do Direito, da educação, da família, da economia, do desporto e da defesa. Estas palestras, para além de terem o objetivo de envolver a sociedade civil na discussão de problemáticas comuns da atualidade, são fundamentais para aprofundar as temáticas do processo legislativo em curso e futuras.