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Talibãs rejeitam enviado especial das Nações Unidas

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Os talibãs que governam o Afeganistão rejeitaram ontem a proposta do Conselho de Segurança das Nações Unidas de se nomear um enviado especial para o país.

O regime fundamentalista islâmico considera que a figura do enviado especial tem sido, "historicamente, incapaz de resolver qualquer conflito e apenas contribuiu para complicar as coisas, ao tentar impor soluções externas".

Rejeitando qualquer "ingerência de partes externas interessadas", os talibãs não veem necessidade em nomear um enviado especial quando já existe uma missão das Nações Unidas no país (UNAMA), já que "o Afeganistão não é uma zona de conflito" e é capaz de "gerir todos os seus assuntos através de mecanismos multilaterais" com os países com os quais mantém relações.

Na sexta-feira, o principal órgão de decisão das Nações Unidas aprovou uma resolução, com 13 votos a favor e a abstenção da Rússia e da China, que pede a nomeação de um enviado especial para o Afeganistão.

Em comunicado noticiado hoje pela Europa Press, os talibãs, no poder em Cabul desde agosto de 2021, consideram que a resolução, proposta pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Japão, resultou de um diálogo apressado, já que dois dos membros do Conselho de Segurança "pediram mais tempo para receber esclarecimentos".

Ao mesmo tempo, o regime afegão lamenta não ter sido consultado a respeito da proposta.

A resolução do Conselho de Segurança pretende promover as recomendações de um relatório independente, incluindo a satisfação das necessidades básicas dos afegãos e o estabelecimento de um compromisso político para reintegrar o país na comunidade internacional.

A resolução sublinha a necessidade de uma "arquitetura de compromisso que oriente e dê mais coerência às atividades políticas, humanitárias e de desenvolvimento" e de um "roteiro que permita uma negociação e uma implementação mais eficazes das prioridades dos intervenientes afegãos e internacionais".

Desde que voltou a tomar o poder em Cabul, o regime fundamentalista dos talibãs não foi reconhecido por nenhum país, ainda que mantenha relações diplomáticas com China, Rússia e países vizinhos, como Irão e Paquistão.

As Nações Unidas têm denunciado o desrespeito dos talibãs pelos direitos humanos, em particular de mulheres, crianças e minorias.

Os talibãs têm respondido que estão a elaborar políticas para a inclusão das mulheres afegãs no mercado de trabalho, mas sem avançarem com detalhes e alertando desde logo que não irão além das restrições fundamentalistas ditadas pelos líderes religiosos do país.

No comunicado sobre a nomeação de um enviado especial, os talibãs "saúdam as intenções das Nações Unidas para favorecer uma relação mais robusta", mas frisam que essa aproximação será "guiada pelas crenças religiosas, pelos valores culturais e pelos interesses nacionais" do Afeganistão.