Madeira

Júri do Prémio Gulbenkian Património destaca “exemplaridade da intervenção” nos tectos mudéjares da Sé

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A paróquia da Sé Catedral do Funchal galardoada com o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva, pelos trabalhos de conservação e restauro dos tectos mudéjares, vai receber o distinção, numa cerimónia que se vai realizar dia 8 de Julho, às 16 horas, na Sé do Funchal.

Os trabalhos de conservação e restauro dos tectos do edifício do século XVI abrangeram uma área de cerca de 1.500 m2 e contou com a colaboração de várias nacionalidades.

Na análise da candidatura, o júri destacou a “exemplaridade da intervenção” e referiu que “a arte mudéjar da ilha da Madeira inscreve-se numa tradição que mergulha as suas raízes na arte islâmica andaluza e que teve depois ampla difusão peninsular. A sofisticação das laçarias em madeira está representada nesta intervenção em todo o seu esplendor. O trabalho de conservação e restauro efectuado no âmbito desta recuperação prolonga esta arte no tempo.”

O projecto de Conservação e Restauro dos Tectos Mudéjares da Sé Paroquial do Funchal foi, entre 19 candidatos, o grande vencedor do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva, que nesta edição teve duas menções honrosas: a reabilitação estrutural e restauro da Igreja da Misericórdia de Coruche e a recuperação da moradia Marques da Silva, no Porto.

A cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva contará com a presença do presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, António Feijó, do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, do Bispo do Funchal, D. Nuno Brás, do representante da República, Ireneu Barreto, e do presidente do júri do prémio, António Lamas.

Igreja da Misericórdia de Coruche

Proposta pela Conservation Practice – Consultoria em Património Histórico, a reabilitação e restauro da Igreja da Misericórdia de Coruche destacou-se pela amplitude da conservação e restauro coordenados pelo Prof. José Manuel Lobo de Carvalho, em colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Coruche e, em relação ao restauro do património móvel e integrado, pela equipa de Carmen Almada, uma das mais relevantes especialistas em Portugal neste domínio. O júri destacou ainda o facto de os trabalhos executados estarem amplamente documentados e possuírem inegável valor histórico, artístico e pedagógico.

Moradia Marques da Silva, Porto

Situado na Rua Álvares Cabral, no Porto, este prédio de habitação unifamiliar de quatro pisos corporiza de forma emblemática os padrões de distinção da burguesia portuense da viragem do século, evidentes em elementos como os estuques elaborados, as pinturas murais e as caixilharias de madeira originais de muitas das portas e janelas.

Da responsabilidade da arquitecta Ana da Franca/Franca Arquitectura, o projeto respeitou “de forma exemplar a traça identitária do edifício, com particular atenção ao restauro rigoroso dos elementos decorativos, o que implicou o recurso a técnicas artesanais tradicionais hoje de difícil acesso.” O júri destacou ainda as “soluções modelares para o equilíbrio entre a preservação patrimonial e a incorporação de novas componentes ditadas pelas exigências contemporâneas de segurança, habitabilidade e conforto”.