Discursos trocados

Na tomada de posse do Governo o Presidente da República (PR) após 7 anos de elogios públicos e críticas em privado à governação do Primeiro Ministro (PM) António Costa (AC), a pedir desculpa aos portugueses pelas falhas dessa mesma governação, a ser complacente com o incumprimento reiterado das promessas governativas de AC na melhoria dos serviços públicos, no investimento público inscrito nos sucessivos OE por realizar e com o nosso PIB per capita como o 7º pior da UE, resolveu finalmente confrontar publicamente AC com a premência de resolução dos graves problemas que afetam Portugal e os portugueses, fruto de 20 anos de governação do PS, 7 dos quais com AC, que nos colocaram na cauda da UE e prestes a ser ultrapassados por quase todos os países que a ela aderiram muito depois de nós. No seu discurso o PR elencou aquelas que deveriam ser as linhas mestras de um verdadeiro programa de governo para o País na legislatura em curso. O PM AC entre incomodado e surpreso com esta abrupta alteração do discurso do PR ao apontar as obrigações do seu governo de maioria absoluta, optou por um discurso onde se limitou a decalcar os mesmos propósitos de governação falhados nos últimos 7 anos indo ao cúmulo de afirmar que não há que mudar nem sequer os pressupostos da proposta do último OE chumbado na AR, apesar de as condições da economia mundial se terem alterado profundamente, num discurso sem uma centelha de inovação sempre obcecado com com mínimos e nunca com máximos, sem coragem para definir um rumo e comprometer-se com as medidas reformistas que se impõem para tirar o País da cauda da UE e melhorar o nível de vida dos portugueses, nomeadamente os jovens. Um discurso pelo País o do PR, já o do PMAC ignorou uma vez mais as necessidades do País e as medidas necessárias para colmatá-las. Foi como se os discursos tivessem sido trocados, o do PR focado na resolução dos problemas que compete ao PM assumir e resolver e do deste uma mera formalidade.

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