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Ambiente ou ‘bitaites’

Sinto-me tentada a escrever um artigo sobre calços de travão, que é um assunto que não percebo nada! Mandar uns “bitaites” está tão na moda, que realmente me sinto tentada.

Estamos numa época em que quem tem o conhecimento se cala, para o ignorante não se sentir ultrajado, e aguarda que da sua própria vileza, se canse o vil.

Isto para dizer que “o Ambiente” é um tema muito complexo para quem a ele se dedica, e tão facilmente “bitaitiano” para quem vive em Marte.

Os cenários climáticos do último relatório do IPCC fizeram tocar mais alto as sirenes, que tocavam há tanto tempo.

O mundo juntou-se contra o tempo, numa COP de número 26, onde pequenos grandes passos foram dados em acordos multilaterais, mas no rescaldo, Glasgow foi apelidado de imperfeito.

A Europa pretende 30% da terra e do mar protegidos de forma eficaz até 2030, para garantir que até meados do século, todos os ecossistemas são restaurados, resilientes e adequadamente protegidos.

O “Fit for 55” elevou a fasquia da descarbonização, num esforço sublime de colocar a Europa na frente da luta contra os graus celsius, neste que considero o desafio do século, o da neutralidade carbónica.

A Diretiva Europeia sobre plásticos de utilização única, foi um importante passo na luta contra o desperdício fácil, o que me leva a outra grande batalha ambiental, a do lixo marinho, que confortavelmente liderada pelos plásticos, é um dos maiores problemas de poluição do mundo.

Estes são apenas alguns dos desafios para os que vivem “o Ambiente” todos os dias, com a responsabilidade de o fazer muito bem, e com muito respeito pelos dias de amanhã de todos, e de todos os dias.

Para os objetivos de um Estados Membro contribuem todas as suas Regiões.

Grande é o nosso contributo. Muito grande é o nosso empenho.

A Madeira é verdadeiramente um excelente exemplo nas questões ambientais, embora alguns teimem em não o reconhecer.

A RAM destaca-se com o melhor desempenho no índice ambiental, quando comparada com as restantes regiões do país. Se este não é um resultado de que nos devemos orgulhar, então o que se dirá das regiões que ficam abaixo na tabela?!

Há indicadores a melhorar? Pois certamente. Haverá sempre espaço e ambição para fazer mais e melhor. O país das maravilhas continua a ser só o da Alice, e o caminho, mesmo o do ambiente, faz-se em passos, não aos saltos!

A Madeira dá passos firmes, embora para alguns pareçam não ter importância: ter reconhecimento internacional do excecional valor do nosso património natural e da sua conservação, não é importante! Como se os galardoes se comprassem! Ter um investimento sólido e estratégico num recurso vital como a água, também não! Construir açudes de retenção de carga sólida, reforçar ribeiras, apostar numa faixa corta-fogo, limpar invasoras, reflorestar, não é adaptação às alterações climáticas, ou então é pouco! Ter a maior área marinha de proteção integral da Europa … isso é muito!

Não é fácil!

Há tempos perguntaram-me se os drones que o Governo Regional entregou à Polícia Florestal eram para fazer vídeos de passarinhos?

Optei por não responder, que é muitas vezes a melhor resposta.

Esta semana “a resposta” foi pública, ao ser noticiado que a utilização de 1 drone permitiu apanhar em flagrante um incendiário, prova da adequada estratégia florestal.

Um dos meus escritores preferidos, William Faulkner, escreveu que “Deus criou a terra completamente mobilada para o Homem”. Atrevo-me a dizer que estragamos os “eletrodomésticos”, e rompemos as “cortinas”, e não deixamos em muito bom estado o resto do “enxoval”. Refiro-me a nós “Homem” claro, diferenças cromossomáticas e hormonais à parte.

Na Madeira quando nos empenhamos em conservar um “frigorifico”, há quem reclame que os “micro-ondas” é que são importantes. Se recuperamos as “cortinas”, o padrão não é bonito. Se damos nova vida ao “soalho”, a “alcatifa” é que era … enfim o velho ditado de “ser preso por ter cão e preso por não ter”, na versão ambiental.