Esta palavra saudade

Nos últimos tempos tem-se ouvido a classe política, mais propriamente António Costa, a falarem muito em linhas vermelhas ultrapassadas. No entanto, para os mais atentos e com boa memória, se fizermos uma retrospectiva do que têm sido os seus Governos, não será exagero constatar que não só já ultrapassou a linha vermelha como as outras seis cores do arco-íris. Mas não se aflija. Ainda faltam mais de cem tonalidades de vermelho e por este andar não lhe irá faltar oportunidades para as ultrapassar. Para não ser enfadonho, a última vez que a tal linha foi ultrapassada, foi neste caso do Ministério da Justiça que nascendo torto, de cada mutação que sofre, a situação mais se grava e logo agora que Portugal acaba de tomar posse da Presidência do Conselho da União Europeia e como cartão de visita o melhor que tem para apresentar é esta vergonhosa história que todos nos devia envergonhar. E já que falo em vergonha, talvez tenha sido por isso que os portugueses elegeram “Saudade” como a palavra do Ano de 2020. Saudade dos tempos em que a classe política tinha vergonha na cara. Saudades dos tempos em que se era escolhido para o governo pelas suas qualidades e não pelo cartão partidário. Saudades dos tempos em que se dava a primazia à sabedoria e não às cunhas. Saudades dos tempos em que a corrupção não passava de uma garrafa de vinho do Porto por alturas do Natal. Saudades em que à frente dos Governos estavam verdadeiros estadistas.

Jorge Morais

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