Biosfera

O Porto Santo está de parabéns, mas o galardão da Biosfera vem exigir responsabilidades e muitos exemplos que até agora foram esquecidos e relegados para segundo plano.

Sustentabilidade, reserva ambiental, conservação do património geológico e histórico são alguns chavões que ficaram bem na candidatura mas há muito que fazer..

Para não alongar vou avançar apenas com alguns aspecto bem visíveis que se interligam com diversos domínios deste novo estatuto e demonstram o desfasamento entre o galardão e a realidade.

No logótipo , as velas de um moinho não passam disso mesmo. Os moinhos estão a cair de velhinhos e os que foram recuperados na zona da Portela, são esqueléticos e não têm direito a velas.

Os fornos da cal estão em degradação, caindo pedra sobre pedra, sem que haja pelo menos um para memória. Mesmo no Porto dos Frades tem um que alimentava a exportação daquela praia. Mas abandonado.

A Fonte da Areia está inacessível e em autodestruição. E aqui mais que a água, ali está o simbolismo de fonte de areias, o ouro da ilha.

As matamorras, guardiãs dos cereais do Porto Santo estão igualmente escondidas salvando-se a da casa Colombo e a que está envidraçada no Largo do Pelourinho mas, sem informação do que se trata, pois para o transeunte parece apenas um poço para onde se atiram papéis, restos de cigarros, etc,

O cais das salinas está em agonia com as suas pedras a se afogarem na ondulação, não se tendo preservado um dos poucos monumentos do Porto Santo. Nem a comissão dos 600 anos lhe deitou um olhar.

As noras que constituem um património único e riquíssimo e que outrora foram fundamentais para o abastecimento de água para as populações , estão esquecidas e em morte lenta.

Os caminhos das levadas na base do Pico Castelo estão desleixados, podendo ser um excelente atrativo para passeios.

As estradas estão esburacadas. Os passeios desnivelados. Os jardins sem beleza. O cais precisa de atenção. O Mercado foi vendido e substituído por barracas na cidade. O Largo do Pelourinho perdeu as palmeiras.

Enfim um estatuto de Biosfera que requer muito trabalho , sensibilidade e apoios financeiros.

Não descansem à sombra do galardão.

J.F.

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