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Madeira e Porto Santo – Cidades, Território e Arquitecturas

O turismo terapêutico corresponde a um período em que floresceram no Funchal as chamadas quintas de aluguer

Sob o título “Madeira e Porto Santo – Cidades, Território e Arquitecturas”, veio recentemente a lume, em edição bilingue português-inglês, o 8º volume de uma série de álbuns coordenados pelo arquitecto José Manuel Fernandes, todos eles dedicados a espaços urbanos e arquitecturas de presença portuguesa. Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa desde os anos 80 do século passado, José Manuel Fernandes é autor de uma vastíssima obra de investigação e divulgação da arquitectura e urbanismo portugueses. Com um tema centrado na Madeira, Açores e Canárias, a sua tese de doutoramento – “Cidades e Casas da Macaronésia” – publicada em 1996, constitui uma obra essencial para todos os querem conhecer melhor as especificidades da ocupação humana nos arquipélagos atlânticos desde o início do povoamento.

Há 5 anos atrás, o autor convidou-me a colaborar no álbum dedicado à Madeira, repto que aceitei de imediato. Tratava-se de integrar no livro um capítulo dedicado à arquitectura do turismo terapêutico, tema sobre o qual, sob a sua orientação, elaborei a minha própria tese. De inícios do século XIX ao eclodir da primeira Grande Guerra, o turismo terapêutico corresponde a um período em que floresceram no Funchal as chamadas quintas de aluguer, onde se alojavam na estação de Inverno, refugiados dos ásperos climas do norte da Europa, os primeiros turistas que frequentaram a Madeira. Complementando o vasto e abrangente olhar com que José Manuel Fernandes abarca as cidades e a arquitectura religiosa, civil e militar de 600 anos de história do arquipélago, surge um capítulo que permitirá ao leitor conhecer melhor as origens e especificidades da arquitectura turística na Região.

Conhecedor profundo da arquitectura portuguesa do continente e ilhas, Fernandes leva a cabo neste álbum, sempre contando com a leal colaboração de Maria de Lurdes Janeiro, uma inédita e exaustiva síntese crítica de toda a arquitectura praticada na Madeira de 1900 ao início do século XXI: modernismo, Estado Novo, heterodoxia Pop, Pós-Moderno e ainda os autores contemporâneos. Dir-se-ia que nada escapa ao olhar criterioso e culto do investigador, olhar imparcial e inclusivo que não se deixa influenciar por limitadoras querelas de estilo, preocupando-se antes em enquadrar historicamente as diferentes arquitecturas que foram povoando as paisagens e cidades insulares. Profusamente ilustrado com imagens colhidas, algumas delas, nos idos anos 80 do século passado, o álbum dá-nos a conhecer belos edifícios da contemporaneidade – alguns, malogradamente, já alterados ou substituídos por construções menos qualificadas.

Chamar a atenção para as qualidades do património paisagístico, urbanístico e arquitectónico da Madeira tem sido a intenção subjacente ao que tenho publicado – acredito que só pode amar e proteger aquilo que se conhece. Por isso desejo a este álbum, que em boa hora a Comissão Executiva das Comemorações dos 600 Anos, o Governo Regional, a Câmara Municipal do Funchal e os grupos AFA e Pestana generosamente patrocinaram, o maior sucesso junto de todos os Madeirenses.

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