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Joe Biden promete a luz no início de um inverno escuro

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Foto Shutterstock

No final de uma carreira de 47 anos na política norte-americana, o candidato democrata Joe Biden faz a última tentativa de chegar ao cargo mais alto de uma nação profundamente dividida.

Biden chegou à nomeação presidencial pelos democratas em 2020 depois de duas tentativas falhadas no passado, uma em 1988 e outra em 2008.

"O caráter do nosso país está a votos. O nosso caráter está a votos. Olhem para nós atentamente", disse o democrata, no último debate contra o Presidente Donald Trump, a 22 de outubro, falando diretamente para a audiência.

Joe Biden é o candidato mais velho de sempre à Presidência dos Estados Unidos, com 77 anos, e passou oito deles como vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).

O seu extenso currículo na política, onde entrou com apenas 30 anos, é em simultâneo uma vantagem, pela experiência e histórico que acumulou, e uma desvantagem, pela noção de que teve muito tempo para fazer mudanças que ainda não foram concretizadas.

Mas Joe Biden, lembrando que nunca foi Presidente, apresenta-se a votos tanto para fazer reformas como para impedir a continuidade do descalabro que atribui a Donald Trump. "Estamos prestes a entrar num inverno escuro", apontou no debate, sobre a escalada da pandemia de covid-19, "e ele não tem um plano claro".

Biden apresenta-se aos eleitores como sendo o oposto e promete uma plataforma com políticas sólidas, capitalizando no elevado reconhecimento entre os eleitores e alguma obra feita.

De acordo com as últimas projeções da plataforma FiveThirtyEight, Joe Biden tem 53,3% das intenções de voto contra 45,4% de Donald Trump, o que se traduz numa estatística muito favorável de ganhar a maioria dos votos do Colégio Eleitoral: a probabilidade de sair vitorioso é de 90 em 100.

As polémicas que envolveram a sua conduta e a do filho Hunter Biden na Ucrânia, motivadas por alegações publicadas no tabloide New York Post, pareceram ter menos efeito nas intenções de voto que algumas das políticas que defendeu no debate, como o abandono progressivo dos combustíveis fósseis.

Da lista de propostas da sua campanha fazem também parte a gratuidade dos testes para a covid-19, a legalização dos emigrantes 'dreamers', as baixas remuneradas de parentalidade ou doença e o aumento do salário mínimo para 15 dólares (12,8 euros) à hora, mais do dobro dos atuais 7,25 dólares.

Defende ainda a extensão da cobertura dos serviços de saúde, e o aumento, para 39,6%, do imposto cobrado aos cidadãos com mais rendimentos.

Com uma carreira repleta de gafes e posições que foram evoluindo, Biden ocupou sempre um lugar no centro moderado do partido Democrata, tendo sido essa a bandeira que desfraldou na sua campanha pela nomeação, em 2019.

Ainda assim, o veterano conseguiu o apoio da ala mais progressista do partido, e notoriamente de Bernie Sanders, que desistiu da nomeação em prol do ex-vice-Presidente.

Nascido na Pensilvânia em 1942, no seio de uma família católica, Biden adotou Delaware como sua casa quando se mudou para lá com a família em 1953.

Antes disso, um jovem Biden formado em História e Ciência Política na Universidade de Delaware e depois em Direito na Universidade de Syracuse tinha exercido advocacia durante três anos. Já nessa altura a sua ambição era chegar à Presidência.

Mas o seu percurso profissional foi afetado pela tragédia pessoal, quando a então sua mulher, Neilia Hunter, e a filha de um ano morreram num acidente de automóvel, apenas semanas após a eleição para o Senado. Os outros dois filhos, Beau e Hunter, ficaram feridos mas sobreviveram.

Cinco anos depois, Joe Biden casou com Jill Jacobs e o casal teve uma filha em 1981, o que permitiu ao político recuperar a estabilidade pessoal.

Depois do fim da administração Obama, Biden disse ter voltado à política não apenas para "reconstruir o que funcionou no passado" mas para aproveitar a oportunidade de "reconstruir melhor que nunca".

Condecorado em 2017 com a Medalha Presidencial da Liberdade, com Distinção, o maior grau de distinção civil, o candidato é responsável pela criação da Fundação Biden, o Centro Biden de Diplomacia da Universidade de Pensilvânia, a Iniciativa Biden para o Cancro e o Instituto Biden da Universidade de Delaware.

Várias destas iniciativas estão ligadas a outra tragédia pessoal, depois de o seu filho mais velho, Beau, ter morrido de cancro no cérebro em 2015, aos 45 anos.

O próprio Biden sofreu dois aneurismas nos anos 1980 e teve de ser operado ao cérebro.

Devido à sua idade, questões em torno da longevidade e saúde de Joe Biden foram levantadas na campanha, apesar de se terem esbatido depois de o Presidente Donald Trump ter ficado infetado por covid-19.

Para contrariar estes ataques, o candidato democrata prometeu ser "totalmente transparente" quando à sua condição de saúde se for eleito.

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