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António Costa defende governação "à escala global" e "mais democrática"

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Foto Lusa

O ex-primeiro-ministro português António Costa defendeu, ontem, "uma governação à escala global que seja mais democrática", face aos novos desafios universais, apoiando reformas propostas por António Guterres nas Nações Unidas.

"É absolutamente essencial que olhemos para as Nações Unidas e para as propostas que o secretário-geral António Guterres tem apresentado para a sua reorganização interna" e para "a reforma do sistema financeiro internacional", referiu António Costa, ao intervir remotamente numa conferência internacional sobre democracia, que decorre na ilha do Sal, Cabo Verde.

Costa apontou esta necessidade, face ao bloqueio nas Nações Unidas.

"Olhamos com revolta para a forma como o sistema das Nações Unidas bloqueia com o facto de um dos seus membros permanentes com direito a veto ser ele próprio o autor de uma grosseira violação do direito internacional, através da invasão da Ucrânia", disse.

Por outro lado, considerou "insuportável ver como Israel tem vindo a exercer o seu legítimo direito à defesa e soberania, direito de combater uma organização terrorista, com um excesso de violência e brutalidade desumana que tem atingido o povo palestiniano na faixa de Gaza, perante, também, a impotência das Nações Unidas". 

"Temos de reforçar a capacidade de intervenção das Nações Unidas", referiu.

António Costa destacou também a necessidade de combate às desigualdades.

"A democracia tem de ser global e temos de reduzir em cada país as desigualdades se queremos fortalecer a democracia", caso contrário, as assimetrias fomentam o populismo, declarou.

Num tom otimista, o ex-primeiro-ministro rematou a intervenção referindo que "as democracias são mais resilientes do que se pensa" e deu o exemplo do Senegal, com a recente eleição de Diomaye Faye como novo Presidente.

Costa interveio na conferência sobre "Liberdade, Democracia e Boa Governança" após a apresentação de uma mensagem em vídeo de Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, em que apelou a uma "solidariedade global" para "pressionar aqueles que ameaçam a vida de todos", no caso, a Rússia.

Do seu lado, o Presidente ucraniano defendeu a exportação de cereais ucranianos para evitar insegurança alimentar noutros pontos do globo e ao mesmo tempo evitar instabilidade.

Que aquilo que se passa na Ucrânia "não se repita em nenhuma parte do mundo", foi o princípio defendido.

Cerca de 20 oradores constam do programa da conferência internacional sobre "Liberdade, Democracia e Boa Governança" organizada pelo Governo do arquipélago, esta segunda e terça-feira na ilha do Sal.

No final, será apresentada a Declaração do Sal, sobre proteção dos direitos humanos, promoção das liberdades e boa governança em África e no mundo.