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Madeira

Comissão coordenadora do 25 de Abril assinala data com uma marcha no centro do Funchal

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A Comissão Coordenadora das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril na Madeira, uma entidade independente que se constituiu em 2023, assinala hoje a data com uma marcha no Funchal, a primeira desde a época da revolução.

"A marcha surgiu como a tentativa de edição de algo que não acontece desde o 1.º de Maio de 1974", disse à agência Lusa Manuel Esteves, da comissão coordenadora, sublinhando que a comemoração do 25 de Abril na região autónoma decorreu sempre em recintos restritos.

Embora reconheça que a "dificuldade de mobilizar [pessoas] é grande" na Madeira, a intenção é "juntar toda a gente e fazer um percurso emblemático" no centro do Funchal.

A concentração está marcada para as 15:00 junto à Assembleia Legislativa e depois os participantes vão deslocar-se para o Jardim Municipal, que será palco da "Festa da Liberdade", num trajeto de cerca de 20 minutos, que passa pelo Palácio de São Lourenço, a residência oficial do representante da República para a Madeira.

A marcha conta-se entre várias iniciativas já promovidas pela Comissão Coordenadora das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril na Madeira desde a sua constituição, nomeadamente conferências, debates, exposições documentais e artísticas, visitas e outras ações culturais.

Manuel Esteves explicou que a comissão foi formada em janeiro de 2023 por um grupo de 17 cidadãos, desligados da política partidária e oriundos de vários quadrantes da sociedade, devido à "ausência de sinais evidentes de uma digna comemoração dos 50 anos do 25 de Abril na Madeira" por parte de entidades oficiais.

A primeira iniciativa foi a elaboração de um manifesto, no qual os signatários declaram que não representam oficialmente quaisquer organizações, sejam políticas ou partidárias, e que não querem "competir com outras instituições que já comemoram ou pretendam vir a celebrar a 'Revolução dos Cravos'", vincando que desejam apenas "complementar esse nobre intuito, de modo cívico, plural e democrático".

"Apesar das suas limitações e imperfeições, o regime democrático afigura-se consolidado, assente numa perspetiva pluralista, tolerante e cívica, colocando o nosso país no seio da Europa e do Mundo democráticos, mas não podemos confiar na sua manutenção infalível, sobretudo quando vemos emergir movimentos de pendor totalitário, racista e xenófobo", refere o manifesto.

Os signatários consideram que, a exemplo da ação dos resistentes na época da ditadura, têm o "dever de impedir o regresso ao passado negro que Portugal e a Madeira viveram" e de contribuir para a manutenção dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e para a ampliação dos direitos humanos, rejeitando as discriminações relativamente à origem geográfica e social, ao género ou à religião.

Entre as iniciativas que a Comissão Coordenadora das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril na Madeira pretende realizar até ao final do ano, destaca-se um congresso subordinado ao tema "3 D's: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver".

Uma exposição fotográfica sobre os acontecimentos que se sucederam ao 25 de abril de 1974 na Madeira e a publicação de uma antologia composta por textos da autoria de vários cidadãos relativos às suas vivências durante o período da revolução constam também da agenda da comissão, bem como a realização de conferências/debates sobre os levantamentos populares no arquipélago contra medidas decretadas pelo governo da ditadura, nomeadamente a Revolta do Leite (1936) e a Revolta das Águas (1962).