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Desporto

"O Marítimo evoluiu imenso no futebol feminino"

A atacante Laura Luís, em entrevista ao DIÁRIO, confessa ter ficado surpreendida com as condições que encontrou no clube verde-rubro, apesar de reconhecer que ainda é possível fazer mais para atingir os patamares de outros emblemas

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Foto Arquivo/ASPRESS

O Marítimo procura repetir, esta tarde, aquilo que já fez esta temporada. Às 13 horas, no Estádio Municipal 1.º de Maio, em Braga, num jogo que terá transmissão televisiva no Canal 11, as verde-rubras vão tentar replicar a vitória no campeonato, diante do Sporting de Braga, desta feita na quarta eliminatória da Taça de Portugal de Futebol Feminino.

Para esta tarefa exigente, frente a uma das principais candidatas ao título, a maritimista Laura Luís, que esta temporada regressou ao Funchal depois de ter vestido a camisola das arsenalitas durante seis anos, entre 2017 e 2023, antevê um encontro complicado, onde assume o favoritismo da sua antiga equipa. Porém, a atacante realça que as madeirenses não vão viajar em passeio, mas sim com o intuito de regressar com mais uma vitória na bagagem. 

Em entrevista ao DIÁRIO, a internacional portuguesa, de 31 anos, aborda o seu actual momento de forma, fala do golo de bicicleta frente ao Sporting e confessa que ficaria "feliz como uma criança" de voltar a ser convocada para a selecção nacional, onde marcou oito golos em 53 jogos disputados.

Neste jogo para a Taça de Portugal, frente ao Braga, vai regressar a uma casa que lhe diz muito, sendo este um jogo especial, está muito ansiosa?
É, sem dúvida, um jogo especial numa casa onde fui muito feliz e com pessoas fantásticas que trago no coração para sempre. Por isso, ansiosos penso que ficamos sempre um pouco. 

Apesar do Braga jogar em casa, a equipa acredita que será possível repetir a vitória do jogo para a Liga?
Será um jogo difícil e muito diferente do primeiro. O favoritismo está novamente do lado do Braga, mas é claro que queremos e vamos lutar pela vitória. 

Após ter saído do Marítimo, em 2010/2011, contou com experiências nos Estados Unidos, na Alemanha e seis anos no Braga. É diferente vestir agora a camisola do Marítimo depois de todas estas experiências?
Sim é diferente. A meu ver, ainda é preciso existirem algumas mudanças para que o Marítimo consiga alcançar as condições de clubes onde já trabalhei. Mas, é preciso realçar que estão a fazer um óptimo trabalho na evolução do futebol feminino e nas condições que já tem disponíveis no clube. Estamos em crescimento e cada coisa leva o seu tempo.

O que lhe motivou a regressar esta temporada para a ilha?
Queria voltar a jogar mais minutos e vi essa oportunidade no Marítimo, além de que a Madeira é a minha terra e, por isso, ter a possibilidade de estar junto dos meus. Mas, essencialmente decidi voltar para jogar e desfrutar o futebol.

Encontrou um Marítimo diferente daquele que conhecia, nomeadamente, no que toca ao futebol feminino?
- Muito diferente, superando mesmo as minhas expectativas. É certo que não vinha à procura de melhores condições mas sim de minutos de jogo, mas tendo os dois em conjunto, é sem dúvida muito melhor. 
O Marítimo evoluiu imenso no futebol feminino e o esforço e investimento que o clube tem feito está a ser cada vez maior e só espero que esta aposta continue e que acreditem no nosso valor e nas mudanças de mentalidade.

Quando voltou, o presidente era Rui Fontes e agora é Carlos André Gomes. Todo este processo de mudança na direcção gerou alguma instabilidade e apreensão no plantel?
Sinceramente nada mudou nem sentimos qualquer instabilidade. Já tivemos oportunidade de estar todas com o nosso Presidente e correu tudo bem 

Actualmente o Estádio dos Barreiros também é utilizado pela equipa de futebol feminino. Jogar no ‘Caldeirão’ foi um sonho concretizado?
Sem dúvida. Por mim jogávamos sempre lá, até porque já estamos habituadas ao ambiente que é o 'Caldeirão', p que considero ser uma motivação extra para a equipa. Além disso, gostaria que nos próximos jogos conseguíssemos bater o recorde de adeptos nas bancadas, começando por ultrapassar a marca dos nossos 1.700 espectadores.

Sente que os adeptos começam a olhar para o futebol feminino de outra forma?
- Cada vez mais as pessoas olham para o futebol feminino com outros olhos. Não digo que sejam todas as pessoas, mas nota-se que já há mais interesse e, principalmente, o respeito, o que é fruto das grandes campanhas que tem existiado à volta do futebol feminino em geral e pelo mundo.

Esta temporada tem apresentado um excelente rendimento,sendo que também tem ficado na retina os seus golos acrobáticos. O que sentiu quando marcou o golo de bicicleta frente ao Sporting?
- É um golo para reviver a vida toda. Foi um momento especial, pelo ambiente que estava no estádio, por ter sido no 'Caldeirão', por ter a minha família e amigos todos presentes, e por ter sido contra uma grande equipa. Por isso, foi de facto especial.

Dada a sua perfomance, o objectivo que se segue é regressar às eleitas de Francisco Neto? Sente que ainda tem capacidade para ser uma das escolhidas?
O que tiver de acontecer, acontece. Levei muito tempo a aceitar ter “saído” da selecção, embora tenha respeitado sempre as decisões de todos os treinadores. Por isso, é algo com o qual não quero criar expectativas. Se for para acontecer, ficarei feliz como uma criança. 

Quais são os seus planos para o futuro? Quando deixar de jogar, que pensa fazer?
Sou licenciada em Educação Física e mestre em Gestão Desportiva. Além disso, estou em estágio do nível UEFA B de treinadora, por isso espero que seja dentro disto o meu futuro. O desporto é a minha paixão.