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Global Media Goup acumula dívidas ao Estado de 7,5 ME

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Foto JN

A Comissão Executiva do Global Media Group (GMG) disse hoje que o grupo tem dívidas à Segurança Social e à Autoridade Tributária que ascendem a 7,5 milhões de euros, cuja "responsabilidade total" é de anteriores administrações.

Numa nota, publicada hoje numa newsletter, a que a Lusa teve acesso, a Comissão Executiva, liderada por João Paulo Fafe, traçou o cenário financeiro do grupo, atribuindo as culpas às gestões que a precederam.

"Ao dia de hoje, a dívida do GMG à Autoridade Tributária e à Segurança Social é de cerca de 7 milhões e 500 mil euros, estando a mesma a ser liquidada mensalmente através de um plano de pagamento ao abrigo do RERT (Regime Excecional de Regularização Tributária)", garantiu, salientando que "a responsabilidade total pela existência da dívida é das anteriores administrações, tendo sido a mesma 'herdada' por esta Comissão Executiva".

Segundo a atual gestão, "o valor da dívida existente a fornecedores do GMG ronda os cinco milhões de euros, sendo importante sublinhar a esse respeito que existem diversos casos, alguns deles já identificados, a quem a anterior administração solicitou, ainda no início de 2023, que somente faturassem após a conclusão do negócio com o WOF [World Opportunity Fund]".

A Comissão Executiva estima assim que o GMG encerre o ano de 2023 com prejuízos de cerca de sete milhões de euros.

A gestão rejeitou ainda que o fundo não tenha investido na Global Media. "É totalmente falso, e apenas por desconhecimento, ou má-fé, é que se pode afirmar tal falsidade", assegurou, indicando que "desde junho até ao momento, o WOF já investiu cerca de 10,2 milhões de euros no GMG".

Segundo a Comissão Executiva, as receitas do GMG não chegam para cobrir os custos. "As receitas, fundamentalmente provenientes de vendas em banca, assinaturas e área comercial, têm prioritariamente servido para suportar os encargos fiscais e de alguns fornecedores essenciais à manutenção da atividade do grupo e das suas marcas", assegurou.

A gestão disse ainda que "contrariamente ao que foi veiculado, segundo números da distribuidora VASP, o Jornal de Notícias vende em banca uma média de 14.385 exemplares, sendo que entre segunda-feira e sábado, as vendas se cifram apenas numa média de 12.460 exemplares".

Citando a mesma fonte, a gestão disse ainda que "ao longo do último ano, o Jornal de Notícias sofreu uma queda de vendas em banca de cerca de 12,8%, o que corresponde a cerca de 2 mil e 200 exemplares diários", assegurando que "relativamente ao número de jornalistas do Jornal de Notícias, o seu quadro redatorial é constituído por mais de 90 jornalistas, sendo que outras 70 pessoas fazem parte da sua bolsa de colaboradores", garantiu.

Por fim, a Comissão Executiva disse, acerca da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que "até hoje, o WOF prestou todos os esclarecimentos solicitados".

"No entanto, não podemos deixar de sublinhar que o escrutínio a que o fundo tem sido sujeito nos últimos meses, se comparado com outras situações semelhantes vividas no setor, é no mínimo inédito, se não mesmo insólito", referiu.

Na semana passada, os acionistas do GMG Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira afirmaram que foi o "manifesto incumprimento" de obrigações pelo World Opportunity Fund que impediu o pagamento de salários aos trabalhadores.

A Comissão Executiva, por sua vez, disse que "apesar da difícil situação financeira em que vive o grupo, os restantes acionistas recusaram-se expressamente, já por duas vezes, fazer qualquer aporte financeiro ao grupo".

Os trabalhadores do GMG, que detém o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, convocaram uma greve para o dia 10 de janeiro, em protesto pelos atrasos nos pagamentos de salários, entre outras questões.