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PCP considera que revisão constitucional visa "intensificar saque e aumentar exploração"

Foto HOMEM DE GOUVEIA/LUSA
Foto HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

O secretário-geral do PCP considerou hoje que o processo de revisão constitucional, que está a decorrer no parlamento, visa "intensificar o saque e aumentar a exploração" e defendeu que a Constituição deve ser "concretizada e não revista".

Num discurso no comício do 102.º aniversário do Partido Comunista Português (PCP), que decorreu hoje na Voz do Operário, em Lisboa, Paulo Raimundo defendeu que estão em curso "ataques à Constituição da República", em referência ao processo de revisão constitucional que está a decorrer desde janeiro na Assembleia da República.

"O que é urgente e necessário é que o texto constitucional tenha tradução na vida de todos os dias, em cada um de nós, e não de alterações que só pretendem intensificar o saque e aumentar a exploração", acusou, perante o aplauso de uma sala cheia, com vários militantes a ouvi-lo de pé.

Paulo Raimundo defendeu que a Constituição precisa "é de ser concretizada, e não de ser revista", caracterizando o processo de revisão constitucional como uma "nova tentativa de mutilação" da lei fundamental.

Neste discurso de mais de 20 minutos, Paulo Raimundo considerou que PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS "querem continuar com ajustes de contas com Abril" e prometeu um "firme e determinado combate" à "política de direita, de empobrecimento, e de assalto à soberania" de Portugal.

Para o líder comunista, "é preciso responder aos problemas, melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, dotar o país dos instrumentos necessários ao seu desenvolvimento".

"Estas respostas, estas soluções, como a realidade está a demonstrar todos os dias, não são possíveis de assegurar por um Governo do PS ou por aqueles que lhes pretendem alternar, sejam de direita ou de bloco central como já se demonstrou e não esquecemos", criticou.

Em contraponto, o líder comunista considerou que só um "Governo que assuma o compromisso de uma política patriótica e de esquerda" poderá dar resposta aos problemas do país e frisou que a existência de um executivo dessa natureza "dependerá da força que derem ao PCP".

Abordando o 102.º aniversário do PCP, Paulo Raimundo defendeu que, em todos esses anos de história, "não houve avanço ou conquista dos trabalhadores e do povo que não tivesse a iniciativa, a luta e a intervenção dos comunistas".

"Assim foi, assim é e assim vai continuar a ser", garantiu.

Paulo Raimundo descartou assim que o partido esteja "parado no tempo", contrapondo que "o que está parado, e há muito ultrapassado, é o caminho político que está em curso, essa opção de empobrecimento e de exploração".

"O capitalismo, com a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora, [...] mostra a cada dia que passa a sua incapacidade para resolver os problemas da humanidade. A liberdade, a democracia e o socialismo não são passado, são o futuro", defendeu.

Apesar disso, o secretário-geral do PCP salientou que o partido pode ter "a voz mais potente, a proposta mais bem feita, a ideia mais bela", mas deve concretizá-las através da "intensificação da luta de massas", do recrutamento ou do esclarecimento.

Paulo Raimundo apelou à mobilização dos militantes, considerando que "quanto mais ligados e atuantes" estiverem, menos espaço terá "o inimigo de classe" para levar "adiante a sua ofensiva".

"À realidade cada vez mais difícil com que estamos confrontados tem de corresponder uma intensificação do caudal de luta. Uma luta nos locais de trabalho, nas escolas, nas empresas, nas ruas", pediu.