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Biden torna direito ao voto em 'bandeira' de eventual campanha eleitoral

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O Presidente dos EUA, Joe Biden, tomou em mãos o polémico tema do direito ao voto, criticando os Republicanos pelos obstáculos que se preparam para colocar ao seu exercício pelas minorias, ambiente de pré-campanha eleitoral.

Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, Biden patrocinou duas propostas de legislação sobre o direito ao voto: uma a que deu o nome de John Lewis - um ícone da defesa dos direitos cívicos, que morreu em 2020 -- e uma outra ('For the People Act'), mas ambas foram rejeitadas pelo Congresso.

Agora, Biden recuperou a questão do direito ao voto, que alguns analistas dizem poder servir de bandeira para uma eventual recandidatura presidencial em 2024.

Fontes da Casa Branca já assumiram que o anúncio da recandidatura pode acontecer já na primavera.

A rejeição àquelas duas propostas aconteceu quando a Câmara de Representantes do Congresso ainda era controlada pelos Democratas, e agora que a maioria está do lado dos Republicanos, a tarefa do Presidente norte-americano tornou-se ainda mais difícil.

Contudo, no passado fim de semana, Biden apareceu na cidade de Selma -- uma cidade do Alabama, emblemática para a luta pelos direitos civis -- apostado em garantir que a legislação dos EUA não criará obstáculos ao voto de qualquer cidadão, em particular das minorias, que são o alvo mais vulnerável da atual legislação.

Na sua intervenção, Biden disse mesmo que "o direito ao voto está sob ataque", referindo-se a iniciativas legislativas que têm sido aprovadas em vários estados mais conservadores - sob o controlo da fação mais radical do Partido Republicano, como é o caso da Geórgia -- e que o Presidente considera serem "sérios constrangimentos" ao direito ao voto das minorias.

No estado da Geórgia, o senado estadual aprovou recentemente um pacote legislativo que, entre outras matérias, limita a possibilidade de contestar a elegibilidade para votar, o que os Democratas consideram ser uma estratégia dos Republicanos para impedir o voto da minoria negra, onde este género de questão se coloca com frequência.

Em vários outros estados conservadores, os Republicanos estão também a aprovar leis que tornam muito mais burocrático e demorado o processo de verificação de boletins de votos, o que os Democratas contestam alegando razões de transparência.

Vários analistas dizem que, ao dar prioridade e visibilidade à legislação sobre direito de voto, Biden está a tentar agradar à minoria negra, que recentes sondagens indicam poder vir a ser uma importante base de apoio a uma recandidatura do atual Presidente.

Contudo, num recente comunicado, a Casa Branca insiste que o propósito do Presidente é apenas assegurar que "todos os norte-americanos com direito a voto sejam encorajados a registar-se e a exercer o seu direito de escolha democrática".

Nesse sentido, o Governo de Biden patrocinou uma página na Internet (www.vote.org), com tradução para 10 línguas, que procura ser uma ferramenta para os cidadãos, nomeadamente imigrantes, verificarem a sua elegibilidade para votar, bem como poderem consultar os seus direitos.