Crónicas

Um novo PSD-Madeira em Lisboa

O absurdo e ridículo é falarmos de um V Regime Fiscal para o CINM. Até aqui, de regime em regime, foi sempre a perder

Propus no Congresso do PSD-M que Albuquerque deixasse de ser equidistante face à disputa interna pela liderança nacional do partido. Havia que optar antecipadamente por uma das candidaturas e lhe dar pleno apoio.

Foi isso que Miguel Albuquerque fez com Luís Montenegro. Sem ambiguidades nem reservas. O resultado está à vista na nova influência que os laranjas madeirenses têm na condução do PSD.

Aquela foi a verdadeira moção estratégica para o PSD Madeira. Ainda que mais ninguém tivesse ousado falar do tema. Em Lisboa ficámos melhor que nunca.

Portugal depende do sucesso deste governo

Vou arrepiar muita gente: laranjas, azuis, brancos, verdes, rosas, vermelhos, arco-íris, etc.. A única verdade é que ou este governo nacional de maioria absoluta salva Portugal ou estamos desgraçados como país. É crucial para as famílias e para as empresas.

Não contribuí para esta solução política absolutista. Mas tudo vai depender, nestes quatro anos, do sucesso ou falhanço do governo de António Costa. E se formos infelizes na governação, como é tradição socialista, toda esta esperança colectiva num Portugal diferente e melhor irá morrer. A independência nacional ficará em causa. As próximas gerações vão querer emigrar e olharão para nós como uns imbecis incompetentes que não assumimos as responsabilidades que nos cederam.

É bom, como nunca, que corra bem!

Calado deveria falar no Chão da Lagoa

É tradição o presidente da Câmara anfitrião fazer intervenção política na Festa do PSD. Sempre foi assim, com exceção dos anos, poucos, em que o partido não liderou o Funchal e quando Alberto João Jardim se fez “saturado” de Miguel Albuquerque. Sinal da popularidade crescente do, então, jovem edil funchalense, coisa que Jardim não suportava.

Desde o Chão dos Louros ao Paúl da Serra e à Fonte do Bispo, sempre o presidente da Câmara usou da palavra. Pedro Calado devia seguir essa tradição. Mais a mais depois da retumbante recuperação política no Funchal. Justificava a glória. É carismático e elogiado por todos. Arrastará alguns mais ao Chão da Lagoa.

Só que, como tudo o que deve ser aperfeiçoado, em meu entender, deverá ser na qualidade de presidente da Comissão Política Concelhia do Funchal, cargo que também é seu.

A passar a ser assim, já não se coloca a situação quando o município sede da Festa não tiver um presidente da Câmara do PSD. A Concelhia local deve sempre abrir os discursos com palavras de boas-vindas aos que organizam e aos muitos que lá se deslocam.

Se o secretário-geral não se importar!

O número de discursos é certamente um problema. Mas mais importante que o número de discursos é a respectiva duração e bom senso. Por mais que sempre tenha sido dito para encurtarem o seu tempo. Com exceção do chefe, claro!

É forçoso retomar o ritmo desta grande festa social democrata. É um momento único na vida da Madeira. Desde a sua primeira edição que reúne a raiz do nosso ser madeirense. É o povo genuíno que arrasta os políticos laranja para uma confraternização que acontece apenas naquele dia.

Bem hajam todos os que contribuíram para o enorme sucesso da Festa do Chão da Lagoa. Agora e antes!

A direita da Madeira

Ser a direita da Madeira não é bom slogan do CDS para namorar o PSD. Nós social democratas madeirenses não nos revemos nisso da direita e da esquerda. Em 45 anos de governação já fizemos muito considerado de esquerda como outro tanto rotulado de direita. E estamos satisfeitos por assim ter sido.

Eu não aceito que digam que sou de direita por não ser de esquerda. Como não admito que digam eu ser de esquerda por não ser de direita.

A social democracia madeirense nunca quis estar comprometida nem com a direita, nem com a esquerda. Sempre nos combatemos e sabemos bem o que nos afastava.

O convite do ex-partido centrista, agora transformado em direita, para acordo pré-eleitoral, apenas faz saber que houve sorte para o PSD a iniciativa não ter partido dos demais pequenos partidos da direita. Era deveras incómodo, mas podia ter acontecido.

Registo com algum humor, a moção do líder da dita “direita” apontar a ideais e não a nomes e cargos. É uma evolução que temo não pretenda mais que deixar tudo na mesma. O que nasce torto dificilmente se endireita!

O “entendido” em saúde no CDS afirmou que o governo não tinha concretizado o proposto no programa eleitoral pelos centristas em matéria de saúde. Isto “apesar do partido fazer parte do governo”. E remata que “há que tentar ajudar o parceiro da coligação a resolver o problema”.

Ainda não parei de rir, ainda que seja triste. Então, o programa é o do CDS ou o da coligação? Cabe tudo ao parceiro e nada ao “parceirinho”?

Alargamento europeu

Recordo-me do esforço que parecia impossível para Portugal cumprir com as exigências para integração na Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia. Nada disso hoje parece ser obrigatório ou, então, a Ucrânia e os demais candidatos nunca realizarão a sua entrada.

Temo que por interesses distintos se vá estragar tudo o que foi conseguido até aqui.

Estas “adesões” trazem uma revolução estatística igual, no exemplo monetário, à verificada com o início do euro. Num ápice Portugal passa a país rico da Europa.

Será que a Rússia, em vez de querer anexar parte da Ucrânia, o que pretende é machucar a União Europeia ? Na melhor das hipóteses consegue os dois objectivos !

Sinais dos tempos

Uma obra de São Nuncas ocorre na estrada regional em frente à Capela da Vitória (Cimentos Madeira). A abertura de uma vala dura há mais de dois meses sem que se vislumbre final próximo. Dois trabalhadores vagabundeiam pelo local sem que nada possam fazer. Umas máquinas estacionadas aguardam que apareçam maquinistas para as utilizar.

Não importa quem é o empreiteiro. Assumiu a responsabilidade de executar a obra, mas não a pode realizar. Não tem pessoal para trabalhar. Provavelmente não devia ter aceite aquela responsabilidade. Muito menos ter iniciado os trabalhos. O incómodo é enorme. A golpada evidente.

Será que o governo em Portugal porá os portugueses a trabalhar em vez de viverem de subsídios e biscates?

A triste realidade é que, em mercado carente de mão de obra como a Madeira, mais de dez mil jovens nem estudam nem trabalham. Algo deve poder ser feito.

Frustração no CINM

833 milhões de euros é o que devem de impostos (IRC) 311 empresas registadas no CINM. Se uma empresa madeirense não pagasse cinco mil euros de imposto, e fosse executada, era logo motivo de primeira página. Esta notícia teve de sair num jornal do continente. E resumida para o nosso Diário. Como são mais de trezentas empresas estrangeiras o assunto morre. Ninguém vai pagar, as empresas “evaporarão” e a receita fiscal regional não passou de uma miragem. Como, aliás, nunca esteve prevista.

A Autoridade Tributária de Lisboa gasta tempo e dinheiro a fazer processos, o tribunal entupirá com esta novela e nada será recebido.

Haja bom senso !

É certo que a verdade de tudo isto nunca será escrita. O porreirismo correu mal. Consentiram legislação que condenava o sucesso do CINM e tentaram ultrapassar a falta de competitividade da praça com interpretações abusivas que parece não serem aceitáveis face à lei. É óbvio que nenhuma daquelas 311 empresas realizaria as operações em causa se não estivesse segura do entendimento fiscal. Alguém os induziu em erro. E o que as salva é que podem desaparecer sem nada lhes acontecer. De outro modo seria um calvário de dívidas fiscais impossíveis regularizar.

Tudo isto para mostrar que o nosso CINM está inviabilizado por falta de competitividade internacional. Este episódio, ridículo, é a prova disso.

Já agora, acresce que depois de tanto esperar, e agonizar, pela reabertura do registo de empresas no CINM, apenas uma dezena de empresas se inscrevem. Quando ainda se desconhece o número delas que encerram ou cessam actividade - serão às centenas - pelos acontecimentos fiscais acima referidos o cenário é péssimo.

O absurdo e ridículo é falarmos de um V Regime! Ninguém acode a tamanho disparate? Desde o I até ao 4.° Regime fiscal que tudo ficou pior para o CINM.

As férias do Presidente

O presidente do governo regional tem direito a férias. Não é possível manter um ritmo elevado de actividade política sem períodos de descanso intercalares.

Cada um tem o seu escape próprio. Jardim passava muitos períodos curtos em Lisboa, intervalados com reuniões ministeriais, para além de se remeter, em Agosto, a um período mais alargado em Porto Santo. Aqui, diariamente trabalhava para sufoco dos secretários no Funchal. No início ainda ensaiou férias em Canárias, mas depois de eu ter regionalizado os aeroportos, incluindo as duas casas de praia em Porto Santo, nunca mais experimentou o verão noutro lado.

Deixem Miguel Albuquerque descansar como melhor entender. É trabalhador incansável e como tal precisa recuperar energia e equilíbrio psicológico. Repousa à sua conta e como muito bem entender.

É preciso deixar a ilha de vez em quando. Deixem-se da muito pródiga mesquinhez insular.

Águas Vivas

Parabéns à Secretaria Regional do Ambiente pela bandeira assinalando, nas praias, quando for caso disso, a presença de águas-vivas. São estas pequenas novidades que mostram haver alguém sempre pensando. E fazendo.

Estive na Sicília onde não pude entrar no mar pela quantidade de águas vivas na praia. Nenhum aviso e o banheiro disse-me que tinha um óleo para aliviar eventual queimadura. Agradeci mas fiquei ao sol.

Quando nadei no Nacional a prática era na piscina do Lido, com exceção da 2.ª feira pois encerrava para ser caiada. Nesse final de tarde treinávamos no mar, entre o Lido e o ilhéu a nascente. Eram contínuos os gritos por toque em águas vivas, especialmente quando anoitecia. Ainda me arrepiam.

Por tudo isto sou sensível a esta iniciativa, provavelmente mundial.

Marina do Funchal

Fiz a nossa Marina em 1984. A única obra que tive de propor duas vezes em conselho do governo regional. À segunda o chefe aceitou com a obrigação de se chamar “porto para embarcações de pequeno calado” e com o compromisso dos barcos de pesca lá ficarem se entrassem. Quem deu essa ordem pensava que a Marina era para ser utilizada à borla. Não comigo! Era ainda o tempo pós-revolução. Haviam 60 barcos de recreio e a Marina foi construída para mais do dobro.

Parabéns pela próxima renovação global, quase quarenta anos após a inauguração.

Daqui a nada precisamos  de nova Democracia!

Fica para outro escrito!