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Bolsonaro envia carta a Biden e promete acabar com a desflorestação ilegal até 2030

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O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, comprometeu-se em acabar com a desflorestação ilegal no seu país até 2030, numa carta enviada ao chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, informaram hoje fontes oficiais.

Ao longo da carta de sete páginas, enviada na quarta-feira a Biden, Bolsonaro admitiu ainda a possibilidade de o Brasil antecipar para 2050 o objetivo de longo prazo de alcançar a neutralidade climática, dez anos antes da data anteriormente assumida.

"Reitero o compromisso do Brasil e do meu Governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com Vossa Excelência em todos esses objetivos comuns", escreveu Bolsonaro na carta, divulgada à imprensa pela secretaria de comunicação da Presidência brasileira.

Contudo, para alcançar essas metas, Bolsonaro diz que o país precisará de "recursos anuais significativos" e "políticas públicas abrangentes".

"Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados. (...) Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta", indicou Bolsonaro.

Segundo o chefe de Estado, o Brasil pretende contar com apoio de Governos, setor privado, sociedade civil e comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.

Jair Bolsonaro reconheceu ainda que o país enfrenta um aumento da desflorestação na Amazónica, frisando que essa tendência ocorre desde 2012, quando o Brasil era governado por Dilma Rousseff.

Para combater os delitos ambientais na Amazónia, Bolsonaro diz ter como missão "incluir alternativas económicas que reduzam o apelo às atividades ilegais" e dar condições aos 25 milhões de brasileiros que vivem na região, disponibilizando-se a ouvir os indígenas e as comunidades tradicionais.

A carta foi enviada a Biden a uma semana da realização da Cimeira do Clima, organizada pelo Presidente norte-americano.

Para a cimeira virtual, Biden convidou 40 líderes mundiais, incluindo Jair Bolsonaro e os chefes de Estado chinês e russo, Xi Jinping e Vladimir Putin.

Contudo, várias organizações ambientais têm pressionado Biden a não transferir recursos financeiros para o Brasil.

Segundo a organização não-governamental Greenpeace, o Governo brasileiro "demonstra uma tentativa desesperada" de receber recursos externos "sem, de facto, se comprometer em conter a destruição das florestas" e condicionando "a obrigação de reduzir as emissões de gases (...) à transferência de recursos de países desenvolvidos".

A carta de Bolsonaro mostra ainda uma mudança de tom na sua relação com Biden.

O mandatário brasileiro foi um dos últimos líderes mundiais a congratular Biden pela sua vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos no ano passado.

Durante o primeiro debate presidencial contra Donald Trump, em outubro de 2020, Joe Biden ameaçou o Brasil com sanções económicas devido à desflorestação na Amazónia.

Na ocasião, Bolsonaro, aliado incondicional de Trump, considerou "desastrosas" essas declarações, que, segundo o mandatário, poderiam colocar em risco "as relações cordiais" entre Brasília e Washington.