Madeira

Trabalhadores da Groundforce manifestam-se junto ao parlamento madeirense

"Não deixem cair a Groundforce" apela o grupo de trabalhadores que está sem salário

Sérgio Araújo apela ao Governo Regional para que interceda junto do Estado em defesa de sector estrutural para a economia e o turismo da Madeira

Um grupo de trabalhadores da Groundforce concentrou-se à porta da Assembleia Legislativa da Madeira, no final da manhã desta quarta-feira, empunhando cartazes e faixas com palavras de ordem para lembrar que estão sem salário e apelando aos deputados para que "não deixem cair a Groundforce".

"Queremos uma garantia dos nossos postos de trabalho e não há outra alternativa senão através da intervenção do Estado", refere Sérgio Araújo, um dos funcionário da empresa de handling que estão neste momento concentrados junto ao parlamento madeirense, lembrando que há 202 famílias que dependem do funcionamento da empresa de handling nos aeroportos da Madeira e Porto Santo.

Pedem uma solução para a Groundforce tendo a TAP como administradora mas sempre com o acmpanhamento do Estado e comparticipação pública. Mais do que os ordenados, muitos deles reduzidos a 500 euros este ano, os funcionários exigem a garantia de manutenção dos postos de trabalho.

"Este é um sector fundamental e que apesar do grande crescimento, houve uma grande degradação laboral e esta situação da pandemia levou a que hoje, haja muitos trabalhadores com muitas dificuldades financeiras", apontou Sérgio Araújo que conta 26 anos de serviço na empresa.

O grupo de trabalhadores agradece a solidariedade do Governo Regional e dos partidos políticos mas isso não basta, nem resolve o problema. "Isto é uma ilha região que depende 90% do turismo, 85% entra através dos aeroportos, nós estamos desde Março em Layoff", referiu Sérgio Araújo que lamenta não ter existido nenhuma intervenção política prática para salvar a Groundforce.

Aponta o dedo à ausência de houve fiscalização suficiente para garantir a sobrevivência da empresa e é preciso apurar responsabilidades. "O problema não somos nós, que trabalhamos bem ou mal, o problema aqui é não haver uma salvaguarda estatal de quem regulamenta isto tudo para garantir a sobrevivência do sector".

Diz que se a Groundforce cai, outras se seguirão na indústria de aviação, estendendo-se até à distribuição de bens alimentares. Perspectiva que os aeroportos da Madeira serão os primeiros a abrir e apela ao Governo Regional para que interceda ao garantir o pleno funcionamento da empresa, considerando que esta é uma "questão estratégica para a economia da Região".

Na semana passada soube-se que as ações da Pasogal já estão penhoradas, não podendo ser dadas como garantia para receber um adiantamento da TAP que serviria para pagar os salários aos 2.400 trabalhadores, nem para um empréstimo, para fazer face às necessidades de tesouraria a curto e médio prazo.

No domingo, o grupo TAP propôs disponibilizar à Groundforce 6,97 milhões de euros, através de um aumento de capital e não de um adiantamento, como estava a ser negociado, para desbloquear o impasse e evitar um "cenário de rutura iminente". Mas além da Pasogal, também o Estado terá uma palavra a dizer.

A SPdH - Serviços Portugueses de Handling (Groundforce) é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, por sua vez, é detido em 72,5% pelo Estado português.