Juventude e Emprego: dignidade já

Os jovens são muitas vezes apresentados como o “futuro do país”. É um chavão bonito, mas vazio, se não lhes dermos condições para acreditar que esse futuro vale a pena.

A realidade mostra outra coisa: programas como o “Jovens em Formação” multiplicam-se, cheios de promessas e slogans modernos, mas acabam por se transformar em experiências insonsas. Trabalham, cumprem horários, assumem responsabilidades – e depois esperam uma eternidade por um pagamento que chega a destempo ou recebem quantias que mal dão para o passe e o almoço.

Isto não é formação, é desilusão. Não podemos aceitar que em nome da “experiência profissional” se use a juventude como mão-de-obra barata e descartável. O resultado é previsível: jovens desmotivados, descrentes nas instituições, e cada vez mais inclinados a procurar noutros países o que cá não encontram – respeito e oportunidades.

É preciso inverter esta lógica. Estágios e programas de inserção devem ser uma porta de entrada para carreiras dignas, não um beco sem saída. O Estado, em particular, tem aqui uma responsabilidade maior: se falha no pagamento ou se fecha os olhos a abusos, está a dar o pior exemplo possível às empresas privadas.

A juventude não pede favores, pede justiça. Trabalhar e receber com dignidade, aprender e ser valorizado. É essa a base de uma sociedade saudável e de uma economia forte. Caso contrário, continuaremos a formar gerações inteiras apenas para as oferecer de bandeja ao estrangeiro.

No fim de contas, investir nos jovens é investir em todos nós. Quando lhes damos estabilidade, oportunidades e confiança, não estamos apenas a construir o futuro deles – estamos a garantir que o país terá futuro.

António Rosa Santos