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Regionais 2024 Madeira

Professores atentos mas seguros que Madeira manterá avanço face ao continente

Francisco Oliveira, presidente do Sindicato dos Professores (SPM) lembra o relatório divulgado nos últimos dias que exigirá políticas assertivas do próximo governo regional

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

O Sindicato dos Professores da Madeira (SPM), pela voz do seu presidente Francisco Oliveira, analisou os resultados eleitorais do ponto de vista corporativo, acreditando que mesmo com o actual cenário político (19 deputados para o PSD, 11 para o PS, 9 para o JPP, 4 para o Chega, 2 para o CDS e 1 para a IL e o PAN) será possível manter a actual política de recuperação de tempo de serviço dos docentes e educadores, onde a Madeira está anos à frente do cenário no continente. Contudo, lembrando o estudo divulgado na sexta-feira, que revela o estado da docência na Região, deixa o alerta para o trabalho que o próximo governo terá nesse capítulo.

"Numa perspectiva muito sindical, daquilo que nós defendemos e se a Assembleia vai ser ou não favorável àquilo que nós defendemos", deixou claro. "E nós elaborámos, na semana passada, um quadro comparativo com as posições dos partidos que tinham assento parlamentar sobre as nossas reivindicações. E também organizamos um debate, há pouco mais de 15 dias, em que estiveram oito dos nove partidos que tinham assento parlamentar, uma vez que o Chega não respondeu ao nosso convite, os outros 8 responderam, tivemos os 8 a debater".

"E daquilo que nós vimos ser defendido nesse debate e, também, nos programas eleitorais dos partidos, nós achámos que o Parlamento que vai sair destas eleições será favorável à grande parte das reivindicações que nós temos", acredita. "Nós estamos expectantes de que muito em breve, logo após a tomada de posse, possamos reunir com a Secretaria de Educação, com o secretário que vier ser indigitado para o próximo governo, para, evidentemente, começarmos a concretizar aquilo que são as posições desses partidos, nomeadamente o PSD, que será o partido a vencer as eleições e que vão muitas, quase todas as posições que foram defendidas no programa eleitoral e no dito debate que tivemos, e que vão ao encontro daquilo que nós defendemos", justificou.

Assim, mesmo perante a incerteza do que virá, na perspectiva do SPM, "estaremos optimistas para que aquilo que são as nossas reivindicações, nos próximos meses tenham um desenvolvimento positivo com o novo Parlamento e, depois, com o governo que vier a ser constituído a partir destes resultados", diz, confiante.

Assim, Francisco Oliveira não teme que estes resultados possam ser, no fundo, perturbadores de uma estabilidade, inclusive diferente do que têm enfrentado os professores a nível nacional. "Nós já temos afirmado que estamos numa situação mais avançada, em termos de recuperação do tempo de serviço, estamos quase a concluí-lo, e de uma forma mais abrangente do que acontece no Continente", advoga. "Uma vez que isto que no Continente, só agora vai começar, nós estamos a acabar e portanto estamos vários anos adiantados", lembra.

Por isso, reforça: "A nossa expectativa, também em relação às soluções que parecem poder ser formadas para a maioria, se poderá passar pelo PSD e JPP, não sei bem se PSD e Chega se será suficiente (não será, mas na altura do comentário ainda não se sabia como ficaria a distribuição de lugares no parlamento), mas os dois primeiros são dois partidos que comungam quase por inteiro daquilo que nós apresentámos como o nosso caderno reivindicativo. E, portanto, é evidente que assim sendo nós estamos confiantes, sinceramente confiantes. Até porque, repare, já havia alguns compromissos, ainda que verbais, assumidos pelo actual secretário de Educação em relação ao futuro. Não sabemos se vai ser ele, mas se for ele o caminho já está de certa forma traçado em relação a algumas matérias, mas em relação àquelas em que não chegamos a acordo vamos, com certeza, reunir e discutir e aproveitar aqueles que são os resultados do nosso estudo que apresentámos e que é um estudo preocupante."

Professores muito cansados ou à beira do colapso

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Francisco Oliveira referia-se ao estudo que foi manchete na edição de sexta-feira do DIÁRIO e que foi apresentado pela SPM no sábado. "Só pode, da parte dos nossos governantes, haver intenção de valorizar e dignificar a carreira docente. Porque, como dizia ontem o professor doutor Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico, que coordenou este estudo ao longo de vários meses, é que a não ser que se consiga atrair para a profissão docente novos colegas, jovens, nos próximos anos a realidade vai ser assustadora, que é cada vez mais turmas sem professor", adverte.

"Vamos ficar, de repente, com muitas turmas sem professores"

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E continua: "E, felizmente, na Madeira temos conseguido, mesmo no limite, ainda evitar isso, mas nos próximos anos se não houver da parte dos nossos governantes abertura para a resolução daqueles que são os problemas que estão bem identificados e que até saem reforçados deste estudo, alguns deles surpreendentes e que nos espantaram mesmo, não estávamos à espera de situação mais grave do que aquela que nós retratávamos da forma que retratávamos com base na nossa percepção e naquilo que nos era relatado pelos colegas, agora com o estudo que abrange acima de 20% do universo dos professores, aquilo que encontramos ainda é mais assustador. E, portanto, só podemos encontrar da parte dos nossos políticos, sejam eles quais vierem a ser, uma abertura para, conosco, encontrar soluções. E nós somos um sindicato bem mais representativo dos professores e dos educadores da Madeira."

O dirigente sindical confia que o SPM vai ser, "com certeza, ouvido", pois tem "dado provas de que apresenta propostas credíveis e exequíveis. Portanto, vamos continuar nesta nossa linha de, com objectividade, com calma, caminharmos para resolver alguns problemas. Porque, a não ser feito isso, será dramático e, com certeza, que os governos no futuro serão penalizados por isso, porque toda a gente quer uma Educação de qualidade, toda a gente quer que as crianças e jovens tenham os professores que têm de estar nas escolas e professores motivados. Vamos trabalhar nesse sentido. Estamos optimistas, sinceramente", conclui.