A notável obra de Marcelo e companhia

O tremendismo em política é uma tendência para exacerbar os aspectos negativos de uma governação, o que pode ser conseguido em campanhas orquestradas. Esse movimento político em relação ao Governo que terminou funções, durante 24 meses, baseou-se na repetição – e vão continuar -, até à exaustão, de 3 pontos fulcrais: Saúde, Educação, CPI TAP. Não foram os problemas reais que desgastaram o Governo, mas a percepção veiculada de caos na qual colaboraram nomes concretos: Marcelo, ainda antes da tomada de posse (cancelando uma audiência com Costa para entrega da composição do Governo saído de eleições porque os nomes saíram antes nos jornais. O mesmo se passou agora, e Marcelo não pestanejou, a coisa está feia, Miguel Guimarães, o tipo do STOP, a outra da FNAM. O ambiente mediático nos canais de informação, as “Novas Conversas em Família” de Portas e Marques Mendes (Daniel Oliveira) nos canais abertos fizeram o resto, que é o essencial. Pouco importa os dados da situação, o que interessa é a impressão. Gorando o intento dos actores, incluindo o Grande Actor de Belém, todavia, os eleitores, agoniados com a dose, ainda assim, recusaram a AD e atingiram o espasmo votando no Chega. O discurso de Montenegro, eivado de tremendismo, que é a base discursiva do seu novel MNE em relação ao PS, continuo a táctica tremendista. O tremendismo é agora alimentado com a tese, baseada no passado recente, de que encontraram o país numa situação difícil, ora, ora, dinheiro a mais é problema, o problema foi o prometer tudo a todos na campanha, e agora terem medo das consequências, distorcendo a lei de enquadramento orçamental, e martelando a tecla de “recuperar o prestígio das instituições”, quando quem as degradou foram eles, na linguagem de desrespeito contra o Primeiro-Ministro cessante, o parlamento e a sua maioria absoluta, acusando-a do que agora, sim, querem fazer, impor a sua vontade absoluta aos restantes mais de 70% que não votou neles. Post Scriptum: A base estética desta táctica política é o Tremendismo: corrente estética surgida em Espanha na década de 1940, com impacto na literatura e nas artes plásticas, que se caracterizou pela ênfase dada aos aspectos mais duros ou grotescos da existência” (infopédia).

Miguel Fonseca