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México pede suspensão de Equador da ONU em queixa apresentada ao TIJ

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Foto Reuters

O Governo mexicano apelou para que o Equador seja suspenso da ONU pelo ataque realizado à sua embaixada em Quito, na queixa que hoje apresentou no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).

Na queixa, o México exige "a suspensão do Equador como membro da Organização das Nações Unidas enquanto não emitir um pedido de desculpas público, reconhecendo as violações aos princípios e normas fundamentais do direito internacional", indicou a ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE) mexicana, Alicia Bárcena, numa conferência de imprensa.

O executivo mexicano instou também a que "o Equador seja julgado e declarado responsável pelos danos que as violações dos seus deveres internacionais causaram e continuam a causar ao México", após a irrupção da polícia equatoriana na embaixada do México em Quito na passada sexta-feira, para deter o ex-presidente do Equador Jorge Glas, que ali se encontrava sob asilo político.

De imediato, o México mandou encerrar em definitivo a embaixada em Quito e cortou relações diplomáticas com o Equador.

A MNE mexicana revelou então que pelo menos 18 países da América Latina, 10 países europeus, os Estados Unidos e o Canadá manifestaram solidariedade e apoio ao México, cujos diplomatas e respetivos familiares abandonaram já hoje o Equador.

"Sentimo-nos verdadeiramente ultrajados, porque foi violada a imunidade da embaixada e do pessoal diplomático e também pela grande violência de uma entrada não-autorizada", disse a ministra.

O Governo mexicano qualificou a operação policial como uma violação da sua soberania e do direito internacional, tendo esta sido igualmente condenada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, pelo Departamento de Estado norte-americano e pela União Europeia.

Depois de ter sido levado da embaixada mexicana, Jorge Glas foi transferido de avião para a prisão de alta segurança de La Roca, situada no complexo penitenciário da cidade de Guayaquil, reservado aos reclusos mais perigosos, e iniciou entretanto uma greve de fome.

Sobre o ex-vice-presidente pendia um mandado de localização e de prisão preventiva por um caso de alegado desvio de fundos públicos no processo de reconstrução da província costeira de Manabí, devastada por um forte terramoto em abril de 2016.

Glas deveria também regressar à prisão para terminar de cumprir uma pena de oito anos por duas condenações definitivas de associação ilícita (relacionada com o esquema de subornos da construtora brasileira Odebrecht) e de suborno (pelo financiamento ilegal do seu movimento político).

Jorge Glas encontrava-se na embaixada do México em Quito desde 17 de dezembro de 2023 a aguardar a concessão de asilo político, que ocorreu na sexta-feira, argumentando ser vítima de perseguição política e "lawfare" (utilização do aparelho judicial contra opositores políticos).