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Crónicas

A Madeira dos amigos

O nosso arquipélago mágico tem sido para mim, desde sempre, espaço de encontros e reencontros, de relações que passam e que ficam e da união e dos laços que se criam entre os de cá e os de lá. Foi assim desde que aqui pus pela primeira vez os pés e assim ficou. Talvez por isso ou porque me fazem sentir em casa, cada vez que cá regresso, tento trazer amigos comigo. Aqueles que fazem parte da minha vida e do meu dia a dia. Muitos vieram cá comigo pela primeira vez. É muito confortável trazer aqui aqueles de quem mais gosto, primeiro porque é um destino que nunca desilude e depois porque há sempre algo que surpreende e numa oferta tão vasta e diversificada, há espaço para que todos encontrem algo que lhes transmita um significado especial. Seja pelas paisagens ou pela gastronomia, o clima, a água, a natureza ou as ruas. Eu que sou um apaixonado por pessoas, tenho sempre uma variável decisiva que tem tudo a ver com as amizades que fui fazendo por cá.

Desta vez, por ocasião de um evento realizado na Estalagem da Ponta do Sol, vieram comigo 12 pessoas durante 3 dias. O impacto inicial à chegada ao hotel foi logo de surpresa e admiração. De facto a Estalagem é um sítio muito especial que nos consegue dar o melhor dos dois mundos. A tranquilidade e a festa, a natureza e a sofisticação, o conforto e uma vista absolutamente deslumbrante. A eles juntei-lhes 11 amigos madeirenses, todos juntos à mesa de jantar para que se pudessem conhecer, trocar ideias e tirar algumas dúvidas sobre algumas particularidades da ilha. Tiveram também oportunidade de conhecer Fajã dos Padres, as piscinas de Porto Moniz, a floresta Laurissilva e de deambular pelas ruas da Ponta do Sol e do Funchal. Foram ao Seixal comer um arroz de lapas e à Serra d´Água beber uma poncha. Andaram de teleférico e assistiram a uma das míticas festas Purple Fridays. Não precisei de lhes perguntar se estavam a gostar, via-se nos olhos e nos sorrisos de aba larga.

Sou sempre muito bem recebido quando aqui chego e valorizo muito as amizades que por aqui fui construindo. Gente boa, que sabe receber e proporcionar tudo o que esteja ao seu alcance para que nada falte. É por isso que adoro juntar esses dois mundos, o de cá e o de lá. Porque conhecer quem nos acrescenta e adicionar novas amizades à nossa lista é sempre motivo para viajar e celebrar. É essa junção de pessoas que nos faz mais inteiros e que nos enriquece enquanto seres humanos. O contacto, a experiência, a troca, o dar e receber. Para além de que o simples facto de aterrarmos numa ilha nos dê de imediato a sensação de estarmos noutra realidade e de nos dar a capacidade de nos abstrairmos um pouco do que se passa à nossa volta e absorvermos diferentes realidades. Essa é uma das muitas peças mágicas que a Madeira tem para oferecer a quem a visita e que eu posso testemunhar por experiência própria mas também pelos muitos amigos que trago.

Num tempo em que por vezes é tão difícil de distinguir o que é passageiro do permanente, dos que estão e dos que vão, a forma como nos relacionamos com os outros assume contornos de elevada complexidade. A Madeira tem por isso para mim esse condão, de representar a amizade e os encontros, da descoberta de novas pessoas e sensações, de aproximar gente diferente dos mais variados sítios e também de juntar os amigos. E essa é uma representação suficientemente importante para ser especial. Sempre que aqui venho com novas pessoas, estas regressam com mais. Com os que se juntam e se conhecem, com novas experiências e uma maior amplitude. Nunca trouxe ninguém aqui que voltasse para trás desiludido e isso acaba por me preencher a mim também. Porque proporcionar também é cuidar e talvez por isso me sinta aqui tão em casa.