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Desporto

Maria Emília Azinhais foi a primeira mulher a presidir a uma federação desportiva

Foto DR/Federação Portuguesa de Esgrima
Foto DR/Federação Portuguesa de Esgrima

Maria Emília Azinhais foi a primeira mulher a presidir a uma federação desportiva em Portugal, liderando os destinos da esgrima entre 1978 e 1980, mas vê o estatuto de pioneira como acessório perante uma prática "natural".

"Mais tarde é que ouvi que era a única mulher a fazer... 'olha, calhou!'. Nunca senti diferença nenhuma", resume, em entrevista à Lusa, a antiga presidente da Federação Portuguesa de Esgrima (FPE).

O caminho até à presidência fez-se desde 1972, quando primeiro integrou uma direção, e foi combinando o dirigismo desportivo com a docência de físico-química no sistema de ensino nacional.

O seu percurso pelo desporto espelha também o progressivo caminho das mulheres no seu meio, desde uma federação cujos órgãos sociais eram ocupados quase exclusivamente por militares, e com praticantes sobretudo masculinos, a um caminho progressivo pela igualdade.

"Entrei para a FPE e ali toda a gente ajudava, colaborava, por isso não tive qualquer problema. Fazia o que tinha de fazer. Fui avançando, sem ter problemas. É uma coisa engraçada, realmente. Nunca tive problemas lá, por ser mulher", descreve.

Antes de liderar a já centenária FPE, acompanhava o marido, o esgrimista Orlando Ferreira Azinhais, olímpico em Roma1960, e foi "aprendendo e fazendo" por dentro da modalidade.

"Nunca pus esse problema, que não podia fazer porque era mulher. Nunca. (...) Para mim sempre foi natural e é assim que deve ser. Ser presidente, é preciso pedir ajuda, que todos colaborem, vamos combinando sugestões e vai-se trabalhando. Isso é muito importante", resume.

Uma estranheza que não sentiu mas que surgia aqui e ali.

"Ainda me lembro, quando fui presidente do Panathlon Clube de Lisboa, e sempre que ia lá o diretor-geral de desportos dizia-me: 'como é que num clube de homens, a mulher é presidente?'. Vai-se fazendo, já fui presidente de muita coisa", atira.

Ao longo da conversa com a Lusa, frisa que não sentiu "diferença nenhuma" por causa do género, que acha "bem" que mais mulheres cheguem ao desporto, e a importância do trabalho coletivo.

De resto, e tendo encabeçado uma lista meio contra a vontade, a professora de físico-química não deixou de ter um percurso rico no dirigismo, dentro e fora do desporto, tendo integrado o Comité Olímpico de Portugal (COP), que já a homenageou, e a comissão instaladora da Academia Olímpica de Portugal (AOP), o já referido Panathlon e também o conselho diretivo do Liceu Camões, no qual a prática de andebol foi reforçada após sua sugestão.