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O Cozinheiro Através dos Tempos

A República pretende retirar 30 toneladas de quota de atum-rabilho à Madeira e Açores, para o ano de 2024 ...! Notícia de Dezembro.

Esta foi, decididamente, uma boa oferta de Natal para os madeirenses e açorianos que ganham o seu sustento na dureza da “vida do mar”... E, o Estado centralista com laivos e resquícios, ainda, de colonialista, desmente, mas, a verdade, é que vai acontecer: Já teve o cuidado até, de informar, que a definição das quotas cabe à República.

Essa quota vai para onde? Se não fosse a dimensão Atlântica que a Madeira e os Açores dão a Portugal e ao rectângulo, qual era a quota de pesca dos portugueses?

Ah! Autonomias? A sério? Acham mesmo? E gostam?

Quando olho para os meus netos, a minha esperança é que já na sua geração, um dia os madeirenses, tenham a capacidade de dizer “aos portugueses”, que querem continuar a sê-lo, mas, desde que, o nosso direito a uma verdadeira Autonomia, seja negociado e a mesma respeitada, de forma justa e em igualdade e não imposta e interpretada, quase por favor... Porque senão, os madeirenses de então, terão o direito, o eventual propósito e a capacidade de procurar outros caminhos...

Reparem, que em Dezembro, na altura os dois putativos candidatos à liderança do PS, na sua deslocação à Região, referiram e acentuaram nas suas intervenções a AUTONOMIA, pois sabem que é um assunto caro para nós e que vende; embora, um queria um “aprofundamento equilibrado” da mesma, o outro uma, “com travões”. Como se diz em madeirense, esta malta são “uns pontos”… E, infelizmente, aceitamos isto. Que pena que eu tenho! E o problema não é serem do PS, sejamos justos. São todos iguais!

O problema, é que ainda por cima, quando regressam e lá chegam ao rectângulo, é enorme a facilidade e velocidade com que se esquecem e a ignoram.... Pior, nem sabem o que é!

Fazer festinhas e “cócegas” à Autonomia não resolve os nossos desígnios e desejos!

Em Dezembro também no relatório PISA 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), verifiquei com muita satisfação, que os alunos da Madeira foram dos melhores a nível nacional. É já, um bom prenúncio para a minha esperança e confiança no futuro da nossa terra.

Os meus sinceros parabéns para eles e a toda a Comunidade educativa da Região e também para a Secretaria, na pessoa do Senhor Secretário e equipa dirigente. Não ficaria bem aos senhores deputados, das várias bancadas no Parlamento Regional um reconhecimento? Talvez não tenham reparado, mas, estamos a falar do “futuro da Madeira” e dos vossos “próximos” clientes … Investir no futuro é sempre seguro. É preciso é Visão …!

Há cerca de um ano, vi na RTP-Madeira uma reportagem numa escola do Arco da Calheta, em que a Sra. Professora tinha na sua classe, dez nacionalidades diferentes nos miúdos seus educandos. Fiquei maravilhado!

Um dia quando forem adultos, o seu pensamento, alicerçado na educação caseira, com mundo, trará as suas necessidades e vontades para outros patamares de qualidade e exigência.

Um pequeno exemplo que me diz, que no futuro, o povo madeirense será mais inconformado e preparado e não se contentará com o que lhe quiserem dar…. Vão ver ...!

Há que ter a coragem de assumir e dizê-lo, e a arte e ambição de pensá-lo e fazê-lo!

Neste momento que se preparam eleições, de uma maneira geral, para quem escreve a tónica e os temas passam pela agenda política; no meu caso e até para não maçar quem me lê, não vou fazê-lo. É o primeiro mês do ano e quero começá-lo da melhor forma, cuidando da sanidade e disposição dos meus “clientes”. A Excelência da clientela, exige-me, que supere as suas expectativas...

Infelizmente, a maior parte das vezes e quando abordo a temática político-partidária ou governamental, é para fazer críticas negativas ou menos simpáticas. Reconheço que é mais fácil e interessante, além de que, hoje, os actores e actrizes “colocam-se” constantemente a jeito.

Mas, como este mês o propósito é outro, há que separar o trigo do joio e admitir que, em todos os partidos há bons e maus intervenientes, bem como gente séria e honrada, além de genuinamente bem-intencionada.

Deixo hoje aqui e para estes, infelizmente, muito menos do que gostaria e do que o país necessitava, a minha homenagem e respeito!

Vivem-se tempos desafiantes, mas, muito difíceis e exigentes. A actividade e intervenção política está muito desacreditada, o nível médio muito fraquinho, o sentido de Estado quase inexistente. Lamentavelmente!

Os mais atentos estarão a se perguntar, o que tem a narrativa deste texto a ver com o título?

A minha resposta é simples

- TUDO!

Em primeiro lugar, porque quando o coloquei, a minha intenção era, efectivamente, discorrer sobre a história e profissão do Cozinheiro.

Pensar e confecionar a alimentação, não é só, o que comemos todos os dias e os produtos que levamos à mesa e à boca, mas, analisar a cultura, a história da civilização e as relações políticas da sociedade em que estamos inseridos. O cozinheiro como “métier”, reproduz e transporta essa realidade.

Paparem-nos O atum-rabilho, irritou-me e foi o que despoletou esta inflexão e mudança; digamos “trocou-me as voltas”, mas, mesmo sem a matéria-prima, entretanto “comida”, decidi manter o cabeçalho.

Um dia, se Deus Quiser, voltarei ao tema com a profundidade e dignidade que o mesmo exige e merece.

Hoje termino, citando o Canto I, estrofe 3 de OS LUSÍADAS: - ...”Que eu canto o peito ilustre Lusitano. A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, que outro valor mais alto se alevanta” ...!

Viva a Autonomia da Madeira! Aquela, que eu queria e acredito que um dia chegará!

P.S. - No dia 19 de Dezembro o Sr. Rui Caetano na sua coluna mensal no DN, com o título “O que a Madeira ganha com o PS a governar o país”, afirmava e relembrou uma série de situações e maldades que o Governo anterior do PSD/CDS, retirou e outras que fez às pessoas. Sinceramente, gostei do que escreveu e muito do que ali afirmou é verdade.

Entristeceu-me recordar esse período e outros da nossa História, de que não nos podemos orgulhar, mas, já que o fiz, lembrei-me também, (quando a gente se começa a lembrar “é como as cerejas” ...), que o que deu origem a muitas das “coisas tiradas” foi o Governo anterior de José Sócrates, que nos deixou na bancarrota e obrigou à assinatura do memorando de entendimento com a troika. Segundo Teixeira dos Santos o Ministro das Finanças desse Governo, já não havia dinheiro nesse mês, para pagar os salários da função pública...

Recordei-me ainda, que as três bancarrotas que aconteceram ao país, ocorreram durante os Governos do PS, em 1977, 1983 e 2011 e que em todos esses momentos, foi necessário recorrer à intervenção do FMI para obter auxílio financeiro e implementar medidas de austeridade. É obra!

E chega de recordações, porque sabe Sr. Caetano, quem já tem alguma idade e memória, tem muitas, umas boas e outras más e quem não é, nem duns nem doutros, muito menos profissional da política, está farto de saber que: - No fim do dia “quem se ...coisa é o mexilhão” ...!