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Há ainda um longo caminho a percorrer

No próximo dia 7 de abril celebra-se o Dia Mundial da Saúde, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde a década de cinquenta do século passado. Como habitualmente é selecionada uma temática e promove-se várias iniciativas envolvendo várias entidades e organizações alertando para problemas globais, nomeadamente a necessidade de cuidar do clima, do ambiente, e de adotar medidas de prevenção da doença.

Porque a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” no tempo que atravessamos particularmente pós pandemia, enfrentamos cada vez mais um planeta poluído, com novos fenómenos e crescentes episódios atípicos de novas e imprevisíveis doenças, cujas implicações têm dado relevância aos dilemas que afetam o planeta e a saúde das populações.

Os problemas ambientais e a crise climática têm cada vez mais consequências na saúde das pessoas, os números da própria OMS apontam para mais de 13 milhões de mortes anuais que podiam ser evitados, a juntar ao flagelo da pandemia de COVID 19 que soma mais de 14 milhões de mortes em todo o mundo, a par de muitas outros casos de morte originados pelas doenças cárdio e cerebrovasculares, assim como perturbações mentais, o cancro, os acidentes de trabalho e de viação, os conflitos, entre outros.

No ano transato em pleno período pandémico o centro do debate passou pela saúde do planeta e das pessoas. Este ano as comemorações do Dia Mundial da Saúde conjugam-se com as comemorações dos setenta e cinco anos da OMS. Assim a temática da “Saúde Para Todos” em conjunto com o lema “Melhorando a Saúde Pública” têm por objetivo envolver e sensibilizar os diferentes atores para a necessidade de reforçar os serviços de saúde na comunidade e o conjunto de instrumentos que facilitem o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde a que todos têm direito. Há que reforçar a vigilância e a monitorização dos surtos endémicos e pandémicos, aperfeiçoar a informação e a educação para a saúde dos cidadãos, tornando-os agentes de promoção da saúde e prevenção da doença.

Os objetivos de desenvolvimento do milénio subscritos pelos 191 estados-membros das Nações Unidas em setembro de 2000, e subsequentemente a agenda para o desenvolvimento sustentável 2030, projetaram um plano de ação que apesar do trabalho realizado pelas várias organizações e pelos governos ao longo das últimas décadas, está longe de concretizar os seus objetivos.

A pandemia e a guerra originada pela invasão da Rússia à Ucrânia, evidenciaram as fragilidades dos sistemas de saúde, expondo e acentuando as desigualdades no acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde e aos medicamentos, agravando a crise energética e a segurança alimentar.

No final de 2022 os peritos de 141 países ligados ao setor da Saúde voltaram a reunir-se em Berlim para refletir sobre os impactos da pandemia e a saúde no mundo. Das orientações produzidas destacam-se, o reforço do investimento nos sistemas de Saúde, a promoção da equidade, atuar na prevenção dos efeitos das mudanças climáticas, agilizar o processo da transição digital na saúde e a necessidade de robustecer o sistema alimentar para que seja mais resiliente e sustentável.