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Chanceler alemão diz ser um dos poucos líderes ocidentais que fala com Putin

Foto EPA
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O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou hoje ser dos poucos líderes ocidentais que permanecem em comunicação com o Presidente russo, Vladimir Putin, e reiterou que uma "paz imposta" não é a solução para o fim do conflito na Ucrânia.

"Falo com o Presidente russo, sou dos poucos. Não apenas o visitei em Moscovo e sentei-me na sua ampla mesa, mas também tive muitas e longas conversas telefónicas com ele e continuarei a fazê-lo, apesar de não termos a mesma opinião", disse num encontro com cidadãos em Cottbus (leste da Alemanha).

Ao ser questionado por uma cidadã que pediu a opção da via diplomática em detrimento do envio de armas para a Ucrânia, Scholz sublinhou que "um país agredido deve poder defender-se e tem direito a pedir ajuda a outros".

O chanceler reiterou que as negociações são necessárias, mas terão se ser concluídas com algo que não seja uma "paz imposta", por considerar "que se negoceia mal com uma pistola apontada à cabeça".

"A base das negociações tem de ser que o Presidente russo entenda que o seu objetivo imperialista não funciona e que tem de retirar as suas tropas. Tem de existir algo que negociar, não pode ser simplesmente assinar uma capitulação", argumentou Scholz.

O chanceler manifestou a sua compreensão pelo "medo" que sentem muitos cidadãos face à perspetiva de uma escalada bélica, mas afirmou que não toma decisões de forma impulsiva mas antes se coordena em permanência com os aliados da Alemanha e faz o possível para evitar um alargamento do conflito.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que qualifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.