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Transfobia e aclamação de Trump no penúltimo dia da conferência conservadora CPAC

Congressista de extrema-direita Marjorie Taylor Greene, representante do Estado da Geórgia, a discursas na CPAC, Maryland, EUA, 3 de Março de 2023.
Congressista de extrema-direita Marjorie Taylor Greene, representante do Estado da Geórgia, a discursas na CPAC, Maryland, EUA, 3 de Março de 2023.
, Foto Shawn Thew /EPA

Ataques à transexualidade e a aclamação do ex-presidente Donald Trump marcaram as intervenções de ultraconservadores norte-americanos no penúltimo dia da Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês).

Aquela que é considerada a mais importante conferência do movimento ultraconservador nos Estados Unidos foi marcada por vários painéis com críticas às políticas de apoio aos cidadãos que querem mudar de sexo, e a subida ao palco de uma jovem, Chloe Cole, que se arrependeu de ter mudado de género, e Riley Gaines, uma nadadora universitária que disse ter perdido as suas oportunidades desportivas após um empate com Lia Thomas, uma nadadora transgénero.

A "porta-estandarte" da transfobia foi a congressista de extrema-direita Marjorie Taylor Greene, que aproveitou o seu discurso na CPAC para afirmar que existe uma indústria "multibilionária" que "mutila os órgãos genitais de crianças", anunciando que pretende reintroduzir no Congresso um projeto de lei que torna crime as cirurgias de mudança de sexo de menores de idade.

"As crianças recebem bloqueadores da puberdade, que na verdade as castram quimicamente, tornando-as estéreis. (...) Há adolescentes a ter os seus seios cortados, isso é um dano permanente aos seus corpos, elas nunca serão capazes de amamentar os seus bebés. Há meninos que estão com o pénis virado do avesso", disse a polémica congressista, forte apoiante de Donald Trump.

Entre críticas ao Governo de Joe Biden e elogios a Trump, a congressista repetiu ainda uma falsa alegação de que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu cidadãos norte-americanos na luta contra a Rússia.

"Zelensky quer que os nossos filhos e filhas morram na Ucrânia! Vou olhar diretamente para uma câmara e dizer a Zelensky: é melhor você manter as mãos longe dos nossos filhos", disse Greene, enquanto o público vaiava o líder ucraniano.

A Taylor Greene seguiu-se Donald Trump Jr, filho mais velho do ex-chefe de Estado, que instou a plateia a procurar debaixo dos seus assentos "bilhetes dourados" que dariam acesso privilegiado a uma receção com o seu pai na tarde de sábado.

Vários participantes gritaram de alegria após descobrirem que foram os contemplados e poderiam estar perto do magnata Republicano, que é "cabeça de cartaz" do último dia da CPAC.

"Parece que estamos no país do MAGA", comemorou o filho do antigo mandatário, referindo-se ao 'Make America Great Again' (MAGA), o icónico 'slogan' de campanha de Trump que significa 'Tornar a América Grandiosa Novamente', sendo aplaudido efusivamente.

O discurso de Donald Trump Jr teve como alvo principal o senador Democrata da Pensilvânia John Fetterman, que derrotou o candidato Republicano Mehmet Oz - uma estrela de televisão apoiada por Trump - nas intercalares do ano passado.

Trump Jr acusou os eleitores daquele estado de terem elegido um "vegetal", em referência à hospitalização de Fetterman na sequência de um derrame antes do sufrágio.

A partir do discurso do filho do ex-presidente, o salão começou a esvaziar-se à medida que outras figuras bem conhecidas dos Republicanos se iam apresentando, como Kimberly Guilfoyle, uma personalidade da imprensa conservadora e noiva de Donald Trump Jr, ou o ex-secretário de Estado e potencial rival de Trump nas presidenciais de 2024 Mike Pompeo.

Apesar de a maioria da plateia e dos oradores do CPAC serem pró-Trump, o painel de sexta-feira contou com a presença de dois dos seus rivais: Pompeo e a ex-embaixadora norte-americana nas Nações Unidas Nikki Haley, com ambos a fazerem referências aos recentes resultados eleitorais dececionantes do Partido Republicano, atribuídos em grande parte a Donald Trump.

"Perdemos três eleições consecutivas e o voto popular em sete das últimas oito", disse Pompeo. "Existem muitas razões para isso, mas uma delas é, eu acho, que se tem perdido a confiança nas ideias conservadoras", acrescentou.

Os Republicanos perderam a Câmara de Representantes nas eleições de 2018, a Casa Branca - e com ela o voto decisivo no Senado - em 2020, e não conseguiram retomar o controlo do Senado em 2022.

As perdas de votos também surgiram no discurso de Haley: "Se está cansado de perder, confie numa nova geração", apelou.

Após terminar o seu discurso, Haley escutou de apoiantes do magnata Republicano: "Nós amamos Trump! Nós amamos Trump!".

A CPAC decorrerá até sábado, dia em que Trump será a atração principal e onde procurará restabelecer o seu domínio no Partido Republicano, após os resultados dececionantes nas eleições intercalares de novembro passado e o surgimento do governador da Florida, Ron DeSantis, como o mais sério rival na nomeação Republicana para 2024.