Madeira

Troca de críticas no aniversário da Junta de São Martinho

Marco Gonçalves destacou o foco nos apoios sociais, sem distribuir dinheiro "ao desbarato"

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Os discursos nas celebrações do 444.º aniversário da Freguesia de São Martinho ficaram marcados pela troca de críticas entre quem assume os destinos da Junta e aqueles que estão na oposição, numa cerimónia que decorreu no Cais do Carvão, ao final da tarde desta sexta-feira.

Coube aos vogais da Assembleia de Freguesia abrir a sessão. José Castanha, vogal independente inicialmente eleito na equipa da coligação Confiança, destacou o trabalho feito pelos vários intervenientes em conjunto com a comunidade, mas não deixou de pedir mais atenção à habitação, identificando “algum trabalho” que ainda falta fazer para que os fregueses de São Martinho tenham acesso a casas a “preços acessíveis”. Pelo meio, pediu união de esforços, entre quem governa e quem está na oposição, para que as populações saiam a ganhar, recusando, por isso, “perder tempo em quezílias sem interesse”.

Já Thomas Dellinger foi mais incisivo nas críticas, dizendo que o actual Executivo faz “mais publicidade” do que “acção”. Fazendo várias comparações entre o antes e o agora, o  também professor universitário deu nota negativa a Marco Vasconcelos, dizendo que falta fazer mais na limpeza das pequenas acessibilidades – que diz ser “apressurada” –, no apoio às populações e nas promessas que estão por cumprir.

O antigo presidente da Assembleia de Freguesia, eleito pela coligação Confiança, diz que este executivo “cumprimenta com o chapéu alheio”, andado “a reboque” de associações e outras forças vivas da freguesia, no que diz ser um “aproveitamento descarado”. Os custos da actual gestão da coligação ‘Funchal sempre à frente’ foram outras das críticas, apontando, por exemplo, a contratação de uma secretária pessoal pelo presidente da Junta, no que entende ser “uma organização empresarial”, que diz não ter benefício para os fregueses. “Quem perde é a população”, sentenciou Thomas Dellinger, deixando a nota de que “São Martinho merece mais”, contando que em breve a freguesia retome “o seu percurso de sucesso”.

Opinião diferente tem o vogal eleito pela coligação no poder. André Candelária deixou claro que a equipa que representava tem cumprido o papel para o qual foi eleita. Justificou essa sua análise com a enumeração de várias propostas apresentadas na Assembleia de Freguesia, nomeadamente a recuperação do património cultural, a eliminação de barreiras arquitectónicas para pessoas com mobilidade reduzida, entre outros. Ao contrário, a oposição, disse, pauta o seu desempenho por “um vazio de ideias” e “zero propostas”, limitando-se a “encher os egos” do partido que representam, “gente que critica por criticar”.  

Defendendo uma conduta marcada pela “verdade” e pela “dedicação à causa pública”, o eleito pela ‘Funchal sempre à Frente’ destacou o “esforço constante” do executivo liderado por Marco Gonçalves para estar junto da população.

Base de intervenção social focada numa política de proximidade

Marco Gonçalves também não poupou nas farpas que entregou à oposição. Destacando as “sinergias” com a Câmara do Funchal e o Governo Regional, o presidente da Junta de Freguesia destacou a resolução dos problemas da população que tem sido operada. O já anunciado túnel e os problemas rodoviários, o novo hospital e o saneamento foram as principais reivindicações para a autarquia e para o executivo de Miguel Albuquerque.

Recusando ‘o chapéu’ enfiado pela oposição, Marco Gonçalves falou em olhar o futuro e prepará-lo por antecipação, dando o exemplo do novo túnel em preparação, precavendo o crescimento populacional que a freguesia terá conhecer nos próximos tempos.

Nos projectos em carteira destacou a criação da mercearia social, aspecto apontando na entrevista ao DIÁRIO, esta sexta-feira, a abertura de um ‘coworking’ associativo em vias de ser ultimado, bem como o reforço do apoio às escolas da freguesia. O presidente da Junta referiu que as actividades de Verão para os mais pequenos são para manter, embora reforce a “mudança de pensamento e de actuação” quando comparado com a equipa que o antecedeu, pautando a actuação pela proximidade, graças ao trabalho de equipa que tem sido desenvolvido por todos os elementos.

Marco Gonçalves recusou distribuir dinheiro “ao desbarato”, pelo que disse não despejar dinheiro “para cima dos problemas”, resolve-os, antes, “com o mínimo investimento possível”. Diz, por isso, que os opositores “insultam” a população de São Martinho quando criticam o trabalho do seu executivo.

Na educação, deixou a nota do reforço de 20% do orçamento para as bolsas de estudo. A par disso, congratulou-se com o fim do “mercado negro da saúde”, referindo-se ao fim das consultas médicas instituídas na sede da Junta pelo executivo anterior. Prometeu uma feira da saúde, uma das actividades no âmbito da ‘Freguesia da Saúde e do Bem-estar’.  

Sobre o contrato firmado com empresas privadas para a limpeza das veredas e caminhos da freguesia, Marco Gonçalves disse recusar “promover a precariedade laboral”, referindo-se aos Programas de Ocupação Temporária, promovidos pelo Instituto de Emprego.

Câmara destaca obra feita ou a fazer

Coube a Bruno Pereira representar a Câmara Municipal do Funchal na cerimónia de aniversário de São Martinho. Na sua intervenção, destacou os investimentos públicos feitos pela autarquia e notou o reforço das verbas colocadas ao dispor das Juntas de Freguesia, “uma verdadeira visão descentralizadora do poder local que é diametralmente oposta ao que faz o Governo da República com os Municípios e Juntas de Freguesia. No Funchal, não descentralizamos sem reforçar em 30% os recursos financeiros disponíveis, porque isso não faz nenhum tipo de sentido, muito menos ainda faz qualquer tipo de sentido descentralizar sem a necessária responsabilização”, afirmou.

Entre o que já foi feito e o que está no terreno ou em vias de ser lançado, o vereador com os pelouros das Obras Públicas e do Trânsito falou do CIGMA – Centro Integrado de Gestão Municipal Autónoma e as obras da Estação Elevatória de Águas Residuais dos Socorridos. Como “mais um passo na resposta pública aos enormes desafios existentes em termos de construção de habitação social” na cidade, Bruno Pereira destacou os 33 fogos de habitação social, na Nazaré ou as “pequeno-médias obras”, que vincou não serem menos importantes, nomeadamente a repavimentação da Estrada Monumental entre a Rotunda da Vitória e o Areeiro, o investimento na melhoria da Escola da Lombada, bem como o que vai ser feito no Complexo Habitacional da Várzea.

Ligação de Santa Rita ao Amparo destacado pelo Governo

Pedro Fino, em substituição de Miguel Albuquerque, não se poupou a esforços na enumeração dos investimentos que o Governo Regional tem vindo a fazer em São Martinho, “contribuindo para o desenvolvimento da freguesia a todos os níveis”. Da lista faziam parte a obra do novo hospital, mas também “a construção e manutenção da rede viária e acessibilidades” ou a “a melhoria e construção de novos equipamentos de saúde e educação e de novos espaços de lazer”.

Evidenciando um trabalho de proximidade que tem sido desenvolvido, o secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas destacou, a par “da maior obra de edifícios do país, o Hospital Central e Universitário da Madeira” e respectivos impactos económicos positivos durante a sua execução, a nova ligação viária entre Santa Rita e o Amparo, que terá início no primeiro semestre deste ano. No seu entender, esta é uma forma de preparar São Martinho para “o crescimento que irá acontecer”, dotando-a de “infraestruturas necessárias que garantam a sustentabilidade dessa expansão nos próximos anos”.